Um imperador viu-se diante de três dúvidas ao planejar uma atividade:
Qual o tempo ideal para iniciar um planejamento e não deixar nenhum arrependimento? Que tipo de pessoa é mais necessária para ajudar? Qual é o ponto mais importante em qualquer planejamento?
O imperador ficou muito interessado em saber as respostas, pois, com isso, poderia caminhar com sucesso na vida. Então, ele mandou anunciar em todo o país uma grande recompensa àquele que lhe ensinasse as respostas corretas.
Depois de muitas tentativas, o soberano encontrou-se com um sábio e teve os esclarecimentos que tanto buscava: ‘O tempo ideal é este exato momento; a pessoa mais importante é aquela com quem está se relacionando mais; e o melhor trabalho é servir o próximo, fazendo-lhe o bem’.
Assim, o imperador ficou sabendo que o importante é o dia de hoje, pois nele está contido todo o futuro de realizações. Da mesma forma, não existe uma pessoa especial em algum lugar. Não são as pessoas de poder, de fortuna ou eruditas as mais preciosas. Uma pessoa com quem a gente está se relacionando agora é a que mais poderá ajudar. E sábio é aquele que consegue valorizar cada pessoa que se encontra em seu redor, considerando sua melhor característica.
Servir a todos é o caminho para conquistar a confiança desejada. Mesmo que seja uma pessoa simples, se deixa uma história para o bem do seu povo, é alguém que pode ser considerada imperadora da vida. Nada disso é impossível.
Certa vez, eu tive uma experiência ímpar na conferência de vicentinos. Cheguei dizendo que se ninguém quisesse aceitar ser o novo presidente, eu iria sugerir que o grupo fosse extinto e cada um se unisse a outra conferência que desejasse. Há muito tempo vinha comentando que, devido minhas inúmeras atividades, jamais aceitaria a presidência.
Mesmo sem candidato, fizemos a eleição e acabei sendo o mais votado. Pensei em repetir tudo o que já havia dito, mas me emocionei, não tive força para frustrar aqueles que esperavam um pouco mais de esforço no meu trabalho, e acabei aceitando. Fiquei sobrecarregado por três anos, mas tenho certeza que muitas bênçãos vieram dessa caminhada. Com amor e oração, nada é impossível.
Outra antiga história se refere a um rei da Tartária, que foi pescar acompanhado pelos nobres da corte. No caminho, cruzaram com um andante que proclamava em voz alta:
– Aquele que me der 100 dinares, retribuirei com um conselho que lhe será extremamente útil.
O rei disse ao homem:
– Que bom conselho poderá me dar em troca?
– Senhor, primeiro providencie os dinares e imediatamente o aconselharei.
O rei assim o fez, esperando dele alguma coisa realmente extraordinária, mas o andante se limitou a dizer:
– Meu conselho é: ‘Nunca comece nada sem ter pensado no resultado final daquilo que está para fazer’.
Ao ouvir estas palavras, os nobres riram com gosto, comentando que o ‘conselheiro’ tivera razão ao tomar o cuidado de pedir o dinheiro adiantado.
– Vocês não têm razão em rir do excelente conselho que acabo de receber – disse o rei. – Certamente, ninguém ignora o fato de que se deve pensar antes de fazer alguma coisa, mas todos cometemos o erro de desprezar isso, e as consequências são trágicas! Darei muita atenção ao conselho deste homem.
Procedendo de acordo com suas palavras, ele decidiu escrever o conselho com letras douradas nos muros do palácio e até gravá-lo em sua bandeja de prata. Dias depois, um cortesão ambicioso concebeu a ideia de matar o rei. Para tanto, subornou o cirurgião real com a promessa de nomeá-lo primeiro-ministro se introduzisse uma agulha envenenada no braço da majestade.
Quando chegou o momento de colher sangue do rei, a bandeja de prata foi colocada sob o seu braço, e o cirurgião não pôde deixar de ler: ‘Nunca comece nada sem ter pensado no resultado final daquilo que está para fazer’.
Então, o cirurgião deu conta de que se fizesse o que o cortesão lhe tinha proposto e este subisse ao trono, simplesmente sua ambição poderia executá-lo antes de cumprir o trato. O rei, percebendo que o cirurgião estava tremendo, perguntou o que havia de errado com ele. Descoberto o complô, o cortesão foi preso e o rei passou a perguntar aos nobres:
– Ainda riem daquele conselheiro andante?
Pois é, isso completa a história anterior. Não só devemos iniciar rapidamente o que precisamos fazer, mas também contarmos com pessoas de boa vontade, servindo o próximo e avaliando os melhores resultados das nossas ações.
Um outro fato aconteceu comigo anos atrás. Mesmo sabendo que estávamos precisando de um coordenador na música da Comunidade Nossa Senhora do Sagrado Coração, eu dizia que não tinha tempo para assumir esse compromisso.
No mesmo dia em que aceitei ser presidente da conferência de vicentinos, recebi uma ligação do amigo Moacir, pedindo que reconsiderasse as justificativas anteriores e, para o bem da linda Comunidade que participo, aceitasse a coordenação. Avaliei as consequências, pedi ajuda a ele sempre que precisasse, e decidi aceitar. Nada além do possível.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).