○ Negligência com a crise carcerária contribui para recentes casos de rebelião nos presídios

Diante dos recentes casos de rebeliões em presídios e também da prisão de políticos influentes, voltou à mídia um tema que é recorrente e sempre atual: o crime organizado.

Da forma como vê o inspetor Everton Vieira, o Estado negligenciou demais a crise carcerária. Hoje os presídios são como uma faculdade do crime e há relatos de pessoas que começaram a exercer liderança após serem presas, tendo acesso a completa comunicação com o mundo exterior.

Nem sempre a culpa é do agente penitenciário ou do diretor do presídio. Muitas instituições não têm estrutura básica para funcionarem e contam apenas com revista manual e visual para visitas, por exemplo. Nessas condições fica difícil a vigilância e é facilitada entrada de aparelhos celulares, por exemplo.

O crime organizado é semelhante a uma empresa, com células que distribuem funções e delimitam atribuições para serem exercidas em cada região de influência. Eles também possuem regras específicas e as empreitadas criminosas são cobradas com base nelas. É por isso que quando acontece uma grande apreensão e drogas, por exemplo, aumenta a incidência de crimes como roubos e invasão de domicilio. Como o traficante teve um grande prejuízo ele precisa lançar mãos de outros meios para pagar a sua dívida com a facção.

Outro ponto muito importante é que dificilmente os líderes do crime organizado são presos. Como dispõem de recursos, eles colocam outras pessoas para agir enquanto permanecem escondidos.

Por conta da crença numa ausência de responsabilização imediata o recrutamento de jovens menores de idade é comum. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que, caso o jovem não esteja envolvido em um crime de grave ameaça (homicídio, roubo, sequestro e outros), não cabe uma custódia imediata.

Pessoas que presenciarem algum tipo de crime podem fazer suas denúncias de maneira totalmente segura através do 190, para acionar a Polícia Militar em ocorrências que estejam acontecendo no momento da ligação, 197 para acionar a Polícia Civil ou 181, para denúncia anônima.