O Núcleo de Estudos, Planejamento Ambiental e Geomática (NEPA), pertencente ao Instituto de Recursos Naturais (IRN) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) em conjunto com o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), vem estudando o desperdício de energia na região e alerta sobre os riscos e prejuízos causados pela poluição luminosa à biodiversidade regional, aos seres humanos e à ciência astronômica.
É na escuridão da noite que ocorrem significativos e importantes fatos para a manutenção do equilíbrio da biodiversidade na Terra. O corpo humano, por exemplo, produz alguns hormônios apenas se estiver no escuro. Pesquisas mostram que dormir na claridade eleva o desenvolvimento de tumores e stress, e que espécies animais como aves com hábitos noturnos e migratórios morrem aos milhares por causa do excesso de luz. Além disso, bilhões de dólares são desperdiçados com o consumo de energia para iluminar ambientes sem necessidade, o que traz prejuízos à ciência astronômica pela redução da observação em sítios de pesquisa devido a claridade. A poluição luminosa também auxilia o aquecimento global devido a emissão dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) – frutos do planejamento deficiente dos sistemas de iluminação.
De acordo com o coordenador do NEPA, professor Francisco Dupas, qualquer emissão de luz desnecessária é considerada como poluição luminosa. Segundo o pesquisador existem estudos que apontam esse tipo de poluição como fator agravante de doenças apresentadas pelo ser humano como insônia, distúrbios do sono e hormonais e desenvolvimento de tumores, sobretudo, o causador do câncer de mama. Outro ponto grave indicado pelo professor são os desequilíbrios ambientais causados pela poluição luminosa.
O Núcleo e o LNA querem mostrar que esse tipo de poluição afeta também a ciência astronômica, tomando como exemplo o Observatório do Pico dos Dias, localizado entre os municípios de Brazópolis e Piranguçu. Para poder comprovar as interferências da poluição luminosa produzida pela região um orientado de mestrado, vinculado ao programa de Engenharia da Energia, avaliou a quantidade de luz desperdiçada emitida por cidades como Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre e Campos do Jordão, entre outras no entorno. “O excesso de luminosidade refletida no céu, pode prejudicar a observação de astros e elementos importantes do universo”, completou Dupas.
Assim, o Núcleo e o LNA apresentam, através desses estudos realizados, uma primeira versão de Projeto de Lei Nacional que discipline tanto o planejamento de iluminação das cidades, quanto a fabricação das luminárias oferecidas pelo mercado. Dupas argumenta que na hora de planejar o sistema de iluminação das cidades as administrações públicas se preocupam mais com a quantidade e com o custo do projeto do que com a eficiência da iluminação. O LNA pretende publicar um livro e cartilhas que incluirão as propostas de legislação nacional específica a respeito dos impactos causados e da padronização de luminárias pelo Inmetro, Procel e no âmbito das ISO.
O Núcleo é composto de 12 pesquisadores que atuam nas áreas de Instrumentos de Gestão Ambiental; Planejamento Urbano e Regional; Planejamento Ambiental, Manejo, Impactos e Gerenciamento de Recursos Naturais; Bioindicadores Ambientais em Bacias Hidrográficas; Geomática; Geotecnia Ambiental; Ruídos, e conta com a colaboração de 20 estudantes de mestrado, doutorado e iniciação científica.
Fonte: UNIFEI