Quando eu era pequeno, gostava de cantar, jogar futebol, bater figurinhas, disputar partidas na mesa de botões e soltar pipas. Isso quase todo menino gosta, mas, hoje, percebo que dava preferência àquilo que melhor sabia fazer. Bolinha de gude e pião, por exemplo, ficavam em segundo plano porque eu sempre perdia. Ah, no pebolim, eu era bom também!
Esta introdução é importante para fundamentar que, quando criança, temos a tendência de fazer algo que mais sabemos e nos destacamos. Alguns diriam que são dons naturais de cada um e os levamos por toda a vida. Será? Já nascemos sabendo bater figurinhas? E jogar futebol de botões, não se aprende com muito treino?
Eu diria que cultivamos certos hobbies por diversos motivos: oportunidades, amizades, compromissos, habilidades, interesses, determinação, tempo, aptidão física etc. A cada época, incluímos ou excluímos algumas atividades principalmente por critérios pessoais e condições de saúde.
Já não vejo sentido ficar batendo figurinhas todo dia para me divertir. Jogar futebol, até que eu gostaria, mas os problemas que tive nas pernas já não permitem mais. Enfim, tudo tem o seu tempo e poucos hobbies ficam conosco para sempre. Aqueles que permanecem, às vezes são decorrência de outros mais antigos e muito cultivados.
Na infância, eu morava em São Paulo e escrevia dezenas de cartas a parentes de Monte Sião; hoje, continuo gostando de escrever e sirvo a Deus em artigos e livros católicos. Também continuo cantando, e com mais responsabilidade!
E a fé, onde entra nessas histórias? Primeiro, é um dom teologal que recebemos no batismo, juntamente com a esperança e a caridade. Segundo, como diz São Tiago: ‘A fé sem obras é morta!’. Portanto, precisamos exercitar a fé guardada no coração e, muito mais que um hobby, ela se manifesta pelo amor em diversas situações.
Sabemos que, na família, toda atitude cristã dá frutos, mais cedo ou mais tarde. Os bons exemplos de fé que herdamos dos pais e passamos aos filhos podem ser verdadeiros canais de graça por muitas gerações. E não há nada de errado em dizer que tenho o hobby de rezar o terço. Rezando com fé, quando mais, melhor. Podem chamar de hobby, de costume, de mania, de vício… é a mesma coisa!
E agradeço a Deus por permitir que eu lesse a Bíblia diversas vezes quando jovem. Suas Cartas de Amor continuam me ajudando a caminhar com dignidade cristã. Ah, e quando eu ia à missa, lembro perfeitamente que alguns colegas ficavam andando de bicicleta. Um deles, o Nelsinho, já está morto há anos!
É claro que não podemos generalizar as conclusões por algum fato isolado, mas vejo claramente que há alguns hobbies melhores que outros: dançar é gostoso e não faz mal a ninguém; matar passarinhos é covardia; assistir novelas pode prejudicar o próprio espírito; gastar dinheiro votando no Big Brother é um grande desperdício que poderia estar socorrendo um pobre morrendo de fome…
O importante é saber adequar os nossos hobbies aos chamados de Deus a cada dia. Eu gosto muito de assistir filmes, mas não o faço quando tenho reuniões de pastorais. E você, jovem, tem algum hobby que o está afastando de Jesus Cristo?
Ter um hobby saudável é bom, manter um hobby em favor da vida é melhor ainda, mas insistir num costume que leva ao pecado é burrice. Como ninguém admite crescer em ignorância ano a ano, nada melhor do que mostrar grande sabedoria se aproximando mais do Mestre dos mestres. Eu tenho o hobby de acompanhar as procissões que caminham para o Céu. Quer vir junto para incorporar mais essa bela virtude em sua vida?