Um dia, minha mãe entregou-me um texto que ganhou em Monte Sião, com o título: ‘O Valor do Sacerdócio’; escrito pelo romancista mexicano Hugo Vaz. Vou transcrevê-lo abaixo por considerá-lo um dos mais bonitos e verdadeiros pensamentos que já li. Eis o texto:
“Quando se pensa que nem a Santíssima Virgem pode fazer o que um sacerdote faz… e que nem os anjos, nem os arcanjos, nem Miguel, nem Gabriel, nem Rafael, nem príncipe algum daqueles que venceram Lúcifer podem fazer o que um sacerdote faz… Quando se pensa que Nosso Senhor Jesus Cristo, na última Ceia, realizou um milagre maior do que a criação do Universo com todos os seus esplendores – transformou o pão e o vinho em seu Corpo e Sangue para alimentar o pecador –, e que esse prodígio, diante do qual se ajoelham os anjos e os homens, o sacerdote pode repeti-lo todos os dias…
Quando se pensa no outro milagre que somente um sacerdote pode realizar: perdoar os pecados, e que o que ele liga no fundo do seu humilde confessionário, Deus, cumprindo sua própria Palavra, o liga no Céu, e o que ele desliga, no mesmo instante o desliga Deus… Quando se pensa que o mundo morreria da pior fome se chegasse a lhe faltar esse pouquinho de Pão e esse pouquinho de Vinho…
Quando se pensa que isso pode acontecer, porque estão faltando as vocações sacerdotais, e que, se isso acontecer, se estremecerão os Céus e se romperá a Terra, como se a mão de Deus tivesse deixado de sustentá-la; e as pessoas gritarão de fome e de angústia, e pedirão esse Pão, e não haverá quem lhes dê; e pedirão a absolvição de suas culpas, e não haverá quem as absolva, e morrerão com os olhos abertos pelo maior dos espantos…
Quando se pensa que um sacerdote é mais necessário do que um presidente, mais do que um militar, mais do que um banqueiro, mais do que um médico, mais do que um professor, porque ele pode substituir a todos em parte de suas atividades e ninguém pode substituí-lo… Quando se pensa que um sacerdote, quando celebra no altar, tem uma dignidade maior do que um rei, e que não é um símbolo, nem sequer um embaixador de Cristo, mas é Cristo mesmo que está ali, repetindo o maior milagre de Deus…
Quando se pensa em tudo isso…
Compreende-se a imensa necessidade de fomentar as vocações sacerdotais; compreende-se o afã com que, nos tempos antigos, cada família ansiava que do seu seio brotasse, como um ramo de perfume, uma vocação sacerdotal; compreende-se o imenso respeito que os povos tinham pelos sacerdotes – o que se refletia em suas leis…
Compreende-se que o pior crime que alguém pode cometer é impedir ou desanimar uma vocação; compreende-se que se um pai ou uma mãe obstruem a vocação sacerdotal de um filho, é como se renunciassem a um título de honra incomparável; compreende-se que mais do que uma igreja, mais do que uma escola e mais do que um hospital, é um seminário ou um noviciado…
Compreende-se que ajudar a construir ou manter um seminário é multiplicar os nascimentos do Redentor; compreende-se que ajudar a custear os estudos de um jovem seminarista é aplainar o caminho por onde chegará ao altar um homem que, durante meia hora todos os dias, será muito mais que todas as celebridades da Terra e que todos os santos do Céu, pois será Cristo mesmo, sacrificando o seu Corpo e o seu Sangue, para alimentar o mundo!”
Quanta verdade, não? Por isso é que eu respeito um sacerdote acima de todas as demais pessoas. Por isso, independentemente da idade, o chamo de ‘senhor’. Por isso eu tomo a bênção de todos os sacerdotes que encontro. Por isso devemos beijar-lhes as mãos. Por isso temos que rezar diariamente pelas vocações sacerdotais. Por isso não devemos falar mal de padres. Por isso devemos compreendê-los como seres humanos e amá-los como enviados de Cristo.
Já convivi e convivo com ‘estilos’ diferentes de padres, mas – Deus é testemunha – admiro a todos. Quando alguém comenta comigo alguma virtude maior de um ou de outro, até concordo, porque nossos dons são diferentes mesmo; o que censuro são as críticas maldosas. Há pessoas que tentam encontrar um pequeno motivo que seja para criticar um sacerdote e – o que é pior! – sentem prazer nisso! Será que sabem o quanto aquele pastor está cumprindo da melhor maneira possível a missão que Jesus lhe deu? Justamente ele que vive perdoando e salvando almas, se erra, não merece perdão?
É preciso entender que a vida de um padre não é fácil. Por maior que seja o carinho e a ajuda que recebe da comunidade: nunca vive próximo dos parentes; não tem um bom patrimônio financeiro; não pode desfrutar dos mesmos lugares e companhias que nós; é transferido para lugares desconhecidos, deixando grandes amizades para trás; passa por momentos de solidão; celebra muitas missas por dia; atende a dezenas de confissões; escuta problemas de toda ordem; enfim, só mesmo quem muito ama a Deus e aos irmãos é capaz de receber e perseverar na Ordem.
Sei que a minha humilde opinião ainda é pouco para prestar a justa homenagem que os nossos queridos sacerdotes merecem, mas, mesmo crendo que o reconhecimento e a força maior vêm do alto, quero agora ratificar o que sempre pensei de cada um deles: “Padre, enquanto Jesus Cristo não volta, nada neste mundo substitui a sua presença no meio de nós”.
Obrigado sacerdotes! Obrigado meu Deus!