É a terceira vez que começo este texto. Talvez eu desista de vez porque, para dizer a verdade, não quero falar de Pandemia, de vírus, de morte e de medo. Mas é o que tem acontecido e também não posso deixar de falar. Talvez nada precisasse ser dito, só a foto fala por si. E também o que chega pelo whatsapp, pelos grupos, pela família. Também pelo Facebook que a cada dia traz notícias de mais mortes.
Há um ano entrávamos na Quaresma inundados de tristeza e perplexidade. A Pandemia chegava ao Brasil, à Minas e à Itajubá. Pela primeira vez em mais de um século a Igreja Matriz fechou suas portas em plena Semana Santa. Inacreditável! Daí veio a corrida às máscaras, a corrida ao álcool, mais valiosos que ouro e ainda são e serão. Tivemos que nos adaptar à nova realidade. Parece que as máscaras farão parte de nosso cotidiano, sabe Deus até quando, talvez para sempre, até o fim do mundo que não está longe.
Porém, passados alguns meses, ficamos animados, parecia que tudo caminhava mais ou menos tranquilo. Talvez tudo estivesse terminado até o final do ano. Qual o quê? Quem falou? Mortes, sim, mas Itajubá ainda estava longe das cidades mais devastadas, com multidões de infectados e muitas mortes. De repente chega o fim do ano com tristezas, com mortes e prognósticos alarmantes.
É claro que ficamos tristes pela morte de todos os habitantes do planeta atingidos pelo vírus. Porém, quando são nossos conhecidos, é muito mais triste. E quando são nossos familiares, não é só triste, é trágico, é devastador e a dor é inimaginável.
Me corta o coração por ver filhos que não podem visitar seus pais idosos com receio de que possam contaminá-los. Oh que tristeza vivemos para contemplar!
Fico tensa quando estou na rua. Não há como ficar prisioneira em casa e nem quero, pelo amor de Deus. Mas confesso que uma vez na rua, tudo que quero é voltar para casa. Minha ansiedade cresce, sinto meu coração subir pela garganta. Fico nervosa, já briguei na fila do banco, logo eu que chamavam de meiguinha, viu Alda Castanho? Quando volto pra casa, que alívio, eu abro os braços e digo: Minha Casa, minha Vida. Arranco a roupa, ponho no sol, mas quer saber? Acabo lavando tudo, roupa, sapato, bolsa, aliança e prendedor de cabelo.
Este finalzinho foi pra gente rir um pouco. Mas não há nada engraçado, não há nenhum motivo para rir. Brinco para não enlouquecer, rio para não chorar e escrevo para descarregar, para tirar do peito tanta dor.