Há cerca de 20 anos, liguei à minha mãe e perguntei em que dia fui batizado. Ela me respondeu: “5 de fevereiro, na Igreja de Santa Rita, em São Paulo”. Levei um susto porque estávamos conversando exatamente na noite do dia 5 de fevereiro! Coincidência? Pode ser, mas desde aquele dia, essa data tem sido muito especial em minha vida.
Sabemos que, através da água, temos o início da vida cristã e o começo de toda caminhada vocacional. O Batismo está na origem de todas as vocações e compromissos missionários; portanto, para o cristão, o banho na água não é somente um rito de iniciação na fé, mas um chamado Divino para o serviço fraterno aos irmãos.
Pois é, não sei o que é mais vergonhoso: eu ter ficado tanto tempo sem saber a data do meu batismo ou ter iniciado a minha caminhada pra valer na Igreja somente após os 40 anos de idade! Bem, com certeza, o mais importante é sempre o que vem pela frente, pois, como dizia São Vicente de Paulo: “Devemos falar pouco e agir muito”.
Ah, aproveitando o tema ‘falar e agir’, reflita nesta história:
Certa vez, um homem rico queixou-se a um amigo:
– Por que será que todos estão sempre me criticando por ser avarento se sabem que vou deixar tudo o que possuo para os pobres?
Após uma pausa, o amigo disse:
– Acho que é o mesmo que aconteceu entre o porco e a vaca.
– Como assim?
– Conta-se que ele estava se queixando a uma vaca por ser muito impopular. Disse o porco: ‘As pessoas estão sempre falando de sua bondade e de seus meigos olhos castanhos. De mim, só falam mal e isso é muito injusto. Claro, você está sempre fornecendo leite, mas eu forneço muito mais: bacon, presunto, cerdas e até meus pés deixam em conserva! Mesmo assim, por que gostam mais de você do que de mim?’ E vaca respondeu: ‘Bem, talvez porque forneço o meu produto enquanto estou viva!’
Certamente, boa reputação e atos de generosidade são reconhecidos muito mais que heranças, não é mesmo? Também por isso, devemos permitir que todos enxerguem os nossos dons como defesa da vida e não simplesmente nos prestem homenagens após a morte.
Pensando nisso, quando fui consultar a internet para saber qual era o santo do dia 5 de fevereiro, constatei: Santa Águeda! Li que ela era muito bonita, nasceu de uma família rica no século III e se consagrou virgem a Deus desde menina. Muito cobiçada pelo cônsul da época, negou-lhe ser sua esposa e, para vingar-se, ele a denunciou às autoridades por ser cristã.
Então, ela foi enviada a um prostíbulo, mas, fiel a Deus, não permitiu que profanassem o seu corpo. Eles a torturaram durante dias e a arrastaram sobre cacos de vidro e carvões em brasa – para tentar dissuadi-la de sua fé. Ela não gritou e rezava o tempo todo, até que mutilaram os seus seios, arrancando-os por completo.
Hoje, sua imagem é representada carregando os próprios seios numa bandeja e, só em Roma, há mais de 12 igrejas dedicadas a esta santa tão popular da Itália. É considerada padroeira das amas de leite e de todas as mulheres que têm doenças na mama.
Viu o que se pode fazer em vida quando se tem fé ardente no peito? E resolvi incluir Santa Águeda nas imagens de meu oratório, porque sei que conseguirei algumas graças por seu intermédio também.
E voltando à conversa com minha mãe, eu lhe disse que fiquei sabendo que no aniversário dela, 22 de fevereiro, comemora-se a Festa de Nossa Senhora do Brasil! Contei-lhe que a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo, ambos ostentando o próprio coração, foi esculpida em madeira por alguns dos nossos primeiros missionários jesuítas, sob a orientação do bem-aventurado Pe. José de Anchieta, e chamada na época de Nossa Senhora dos Divinos Corações.
E foi o povo italiano que começou a invocar a ‘Madonna del Brasile’, na metade do século XIX, quando viram a perfeição da escultura – venerada em Nápoles, após ter saído do Brasil durante as profanações em templos católicos. No território nacional, os milagres atribuídos a este título da Virgem Maria acontecem principalmente na Paróquia da Urca – Rio de Janeiro – e na igreja do Jardim América – São Paulo. A imagem original continua em Nápoles.
Quanta coisa boa escrevi hoje, hein! E você, também sabe o santo e a data do seu batismo? Continua fiel à missão que Jesus lhe confiou? Esforce-se para ser a ‘vaca’ da história e a recompensa virá em dobro: muitas graças neste mundo e, por fim, a vida eterna! Assim seja.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).