Teste é uma promessa para predizer o início da menopausa e avançar nos tratamentos dos sintomas do fim do ciclo reprodutivo e prevenir futuras doenças como a osteoporose, infartos e derrames
Ondas de calor, suores noturnos, insônia e secura vaginal. Para prevenir esses sintomas típicos da menopausa e futuras doenças, um novo exame sanguíneo conhecido como Hormônio Anti Mulleriano (AMH) surge como grande promessa como marcador da menopausa. “Essa é uma revolução na medicina ginecológica. Todos os métodos que eram utilizados até então não são fidedignos para avaliar o início da menopausa porque apresentam falhas”, diz o médico ginecologista Juliano Scheffer, diretor do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida (IBRRA), que foi um dos pioneiros a utilizar o teste para prever a menopausa no Brasil.
Durante o último Congresso da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) realizado no fim de junho em Roma, foi demonstrado cientificamente que a utilização do AMH juntamente com a avaliação ultrassonográfica dos ovários mais os sinais e sintomas clínicos apresentam 88% em predizer a “entrada” da menopausa. Um estudo iraniano realizado com 266 mulheres ao longo de 12 anos afirma que isto pode ser possível no futuro através da medição do hormônio AMH no sangue.
Até então a idade em que se chega à menopausa sempre foi considerada uma incógnita. Para algumas mulheres ela chega mais cedo por volta dos 40 anos. No entanto, a idade da menopausa ocorre em média por volta dos 51 anos, podendo variar até os 60 anos. “Além do impacto na fertilidade, a menopausa também pode causar inúmeras doenças como a osteoporese, infartos e derrames, já que o organismo deixa de produzir estrógeno, o hormônio sexual feminino, que protege ossos e artérias”, explica Scheffer.
O ginecologista também explica que idade da menopausa apresenta considerável variação individual devido a fatores externos e intrínsecos, como herança genética. Dentre os fatores externos estão o tabagismo, alimentação, atividade física, cirurgias ovarianas, quimioterapia e radioterapia, etc. “Independentemente da idade em que se atinge a menopausa, a irregularidade menstrual ocorre 4 a 5 anos antes e o declínio acentuado da fertilidade começa por volta dos 40, geralmente 11 anos da menopausa”, relata Scheffer.
“O AMH é um dos mais promissores e eficientes marcadores da menopausa”, diz Scheffer. Ele explica que a utilização do FSH e do estradiol apresenta várias problemas devido a sua variabilidade entre os ciclos menstruais e dentro do próprio ciclo menstrual. Além desses marcadores, a quantificação dos números de folículos antrais (AFC) nos ovários, apesar de ser um ótimo marcador de menopausa, isoladamente também apresenta “falhas”.
O especialista em reprodução humana Juliano Scheffer teve o trabalho “A sensibilidade dos gametas femininos ao FSH baseado no Hormônio Anti-Mulleriano”, apresentado durante o 26º Congresso de Reprodução Humana. Scheffer é um dos seis autores do trabalho que foi apresentado pela equipe francesa do Dr. Frydman, atual chefe do Departamento de Medicina Reprodutiva do Hôpital Antoine Béclere, em Paris. Juliano conheceu a equipe quando se especializou em primeiro lugar na Universidade de Paris XI.
Inicialmente utilizado para avaliar a qualidade e a quantidade de gametas (reserva ovariana), o AMH provou cientificamente que também pode ajudar a dizer a hora do início da menopausa. “De um ano para cá essa técnica começou a ser utilizada em pouca proporção nos consultórios ginecológicos”. O IBRRA foi um dos primeiros a solicitar o teste. Segundo Scheffer, apesar de ser um teste muito simples, ele ainda encontra barreiras como o preço do exame, rapidez no resultado e a falta de capacitação dos médicos para analisar os resultados.
Fonte: IBRRA