Um novo teste cognitivo para detectar a Doença de Alzheimer mostrou-se mais rápido e mais preciso do que outros testes já existentes, revela estudo recém-publicado pelo British Medical Journal.
Calcula-se que 24 milhões de pessoas no mundo tenham o diagnóstico de demência e esse número tende a aumentar com o crescente envelhecimento da população. O diagnóstico precoce da doença é importantíssimo, já que os tratamentos atualmente disponíveis são mais eficazes nas fases precoces da doença. Além disso, os tratamentos do futuro visam a intervenção em fases cada vez mais precoces. Existem inúmeros testes que permitem dizer se a pessoa tem problemas de desempenho de memória ou outras dimensões cognitivas. Alguns testes são bem sofisticados e sensíveis, mas por serem complexos, demandam muito tempo para sua aplicação e são pouco disponíveis devido ao alto custo e pela limitação de poucos profissionais habilitados para realizar tais testes. Por outro lado, existem testes de fácil e rápida aplicação, mas que não são sensíveis ao diagnóstico precoce de demência.
Pesquisadores ingleses desenvolveram um novo teste chamado TYM (“test your memory” – teste sua memória) que concentra a facilidade e rapidez de aplicação com uma boa sensibilidade para detecção de déficit cognitivo. O teste inclui dez tarefas que avaliam diversas funções cognitivas e não precisa ser aplicado por profissional especializado. O teste foi aplicado a 540 pessoas saudáveis e sem queixas de memória com idades entre 18 e 95 anos, durando uma média de 5 minutos. Foram ainda testados 139 pacientes com diagnóstico da Doença de Alzheimer e com Transtorno Cognitivo Leve, diagnóstico intermediário entre a normalidade e a demência. Os indivíduos saudáveis tiveram uma pontuação média de 47 pontos de um score máximo de 50, com leve redução de desempenho apenas após os 70 anos de idade.
Outros dois testes foram realizados a título de comparação com o novo teste, entre eles o Mini-Exame do Estado Mental que é o mais utilizado teste para o diagnóstico de demência. O Mini-Exame do Estado Mental foi capaz de detectar apenas 52% dos pacientes com a doença de Alzheimer, enquanto o novo teste detectou 93% dos pacientes quando a nota de corte utilizada foi menor ou igual a 42 pontos – a média de pontuação dos pacientes foi de 33 pontos de um total de 50. O novo teste, além de examinar mais dimensões cognitvas do que o Mini-Exame, também foi mais rápido.
Os resultados com os ingleses são excelentes, mas ainda não podem ser extrapolados para outras etnias e por isso não faz sentido simplesmente traduzir o teste e aplicá-los em nosso meio. O teste só deverá ser aplicado após validação científica de uma versão traduzida para nossa língua, adaptada para nossa cultura e testada em brasileiros. E isso não deve demorar.
:: Dr. Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog “ConsCiência no Dia-a-Dia” www.consciencianodiaadia.com e consultor do Grupo Athena.
Fonte: AthenaPress