Quando criança, sofria com minha ansiedade. Falava muito rápido, o que muitas vezes acarretava em não me fazer entender. E ainda que percebesse não falar claramente e quisesse melhorar, resistia em tomar uma atitude e esperava que se adaptassem a essa minha maneira de ser. Por que existia essa resistência? Quem não almeja ser melhor? Quando fazemos algo errado e temos consciência disso, sentimos uma dor internamente, seguida de uma reflexão: “Por que fiz isso?” Mas o difícil é quando erramos sem a consciência disso. Ao percebermos, o estrago já está feito e em seguida vem a pergunta: “Onde foi que eu errei?”, e o pior é quando nem percebemos o erro e nele continuamos até que um dia, sem entender o porquê, a vida cobra. E herdamos o acumulado que cultivamos de forma errada sem nem o saber.
Mas, o que nos capacita adquirir consciência do certo e errado, senão o conhecimento? Imaginemos a vida como um grande mar. Sem conhecimento, navegamos à deriva, à mercê das tempestades e correntezas, ignorando a própria capacidade em tomar-se o controle do leme. Torcemos para que o pior passe logo e a segurança retorne, à espera de algo que nos ponha a salvo, sem certeza disso, entretanto. Mas que conhecimento nos habilitaria a esse domínio da própria vida?
Dentro do ser humano, existe uma vida interna que desconhecemos, e que podemos usar da mesma imagem. Sem consciência do que ocorre dentro de mim, vivo à deriva sob influência das circunstâncias. Por que você está lendo este texto? Você tem consciência do que lhe motivou para estarmos juntos até aqui? Movidos corriqueiramente por influências externas, ficamos sujeitos à influência de pensamentos que afetam nossa vida interna sem percebermos. Como está o seu ânimo hoje, por exemplo? Já parou um pouco para olhar para dentro? Sabe por que está animado, estimulado, abatido, ou simplesmente vivendo no modo automático? Como está o seu mar interno? Ter consciência dessa realidade, ou do mundo interno, como chamarei ao longo do texto, não é difícil, mas também não é fácil. Requer esforço e constância. Requer dedicação de tempo e, principalmente, sentir que conhecer essa realidade é importante para se tornar melhor e se superar.
Os pensamentos que cultivamos internamente ao longo do tempo ganham força e espaço em nossa mente, fazendo parte da nossa conduta. Parte do que somos corresponde aos pensamentos que habitam nossa mente. Dependendo da força que esses pensamentos possuam em nosso interno, movem-nos automaticamente. Coisa fácil de observar em nosso quotidiano. Todo movimento feito repetidamente, ao longo de um certo período, predispõe-nos àquele modo automático que dispensa refletir antes de agir. Você pensa no que precisa fazer ao acordar, antes de ir para o trabalho ou estudar? Ou são ações pré-programadas, automáticas?
Nossa conduta reflete o que se passa em nossa mente, que tipo de pensamento alimentamos, cultivamos e movemos. É necessário conhecer o que se passa em nosso mundo interno para conseguir discernir o certo do errado e, assim, ser alguém melhor a cada dia. Mas o que proponho com isso? O que move a mente? As ideias? Os pensamentos? Como desenvolver esse olhar? É possível percebermos pensamentos construtivos que auxiliam nosso desenvolvimento, como aquela voz que parece surgir da consciência, recordando-nos de que fazer o bem nos transforma em seres melhores, de que existe em mim uma força capaz de mover-me para conquistar tais objetivos. E também percebemos os negativos, que nos levam a cometer erros, sugando nossa energia, tirando-nos o ânimo e nos tornando irreconhecíveis a nós mesmos. Esses pensamentos manifestam-se clara ou disfarçadamente. Dentre os negativos, poderíamos citar impaciência, intolerância, impulsividade e indolência entre tantos outros. Mas qual a diferença entre eles? O que se passa internamente quando espero em uma fila e constato que o atendimento é ineficaz e percebo meu ânimo se alterar? Será que essa identificação é sempre fácil de perceber? Ou existe um camaleão que habita dentro de mim, disfarçando-se para não ser apanhado e, com isso, continuar habitando meu mundo interno, sugando minhas energias, levando-me para um ciclo de atuações repetidas que, bem no íntimo, eu desaprovo?
Cada pensamento que se manifesta, primeiro na mente e depois na conduta, possui um traço específico. Se experimentamos um certo desconforto pela demora em ser atendidos, a impaciência pode estar atuando, por ter relação com o tempo. Se o desconforto é pela dificuldade para com o outro ser, talvez seja uma manifestação da intolerância devido a sua relação com o comportamento.
Certa vez, indo viajar, esperava para despachar a bagagem. O aeroporto estava bem movimentado e um pouco caótico. Conforme o tempo passava, o horário do voo ia se aproximando e a fila continuava sem muito avanço. Até que solicitei adiantarem-me o despacho, e realocaram-me em uma fila prioritária — que seguia igualmente vagarosa. Chegando minha vez, o atendente manifestou que o voo estava fechado e não sabia se daria para despachar a bagagem. Nesse momento, respondi: “Vai ter que dar”. O que passou por mim? Foi uma resposta pronta. Esse pensamento já estava alocado na minha mente no momento. E qual pensamento seria? O de impaciência ou de intolerância? O fator do tempo estava presente, é verdade, mas o que moveu minha ação não foi sua urgência, mas minha falta de compreensão com o posicionamento dele que, provavelmente, seguia ordens e possuía suas razões para dizer aquilo. Eu não estabelecera uma conexão com ele, colocando também minhas razões para chegarmos a um desfecho da melhor maneira, sem causar atrito no ambiente, ou corroborar para aquele ambiente caótico. Eu já estava pré-programado.
Com o estudo do conhecimento logosófico, que me tem capacitado a conhecer mais de mim mesmo, tenho procurado ficar atento ao meu mundo. Vivemos em uma cultura que valoriza bastante o tempo, o que colabora ainda mais a nos apressarmos, sem desperdiçar tempo. Tudo pra ontem! Mas, e o tempo que dedico para o meu aperfeiçoamento? Para resgatar meus valores humanos? Isso tem valor? Grata surpresa poder refletir depois sobre aquela atitude e entender que o gatilho mental programado na minha mente não era a impaciência, como eu pensava, mas a intolerância que — como um camaleão — era um pensamento pronto a se manifestar, podendo confundir-se com a impaciência.
Se eu conquistar a capacidade de controlar minha intolerância e impaciência, não parece lógico ter o elemento necessário para ajudar o próximo que precisa, também, cultivá-las? Preciso conhecer-me, identificar esses traços típicos de cada pensamento que se manifesta, e sentir que força é essa em meu íntimo e que me impulsiona a buscar e querer ser melhor.
É importante que essa observação seja constante, intensificada e sempre modificada com base nos novos conhecimentos adquiridos. Pois pensamentos negativos se disfarçam o tempo todo como um camaleão em nossa mente, sem percebermos. Descobrir essa verdadeira causa requer esforço e empenho, do contrário, não teríamos dificuldade em nos modificar; superar os propósitos de mudanças que nos prometemos ao longo de toda a vida mas que sempre adiamos, achando que a correnteza da vida nos mostrará espontaneamente a direção. Sem refletirmos que, dependendo da tempestade, nosso barco pode virar e podemos perder o rumo de quem queremos verdadeiramente ser.
Mas, o que nos capacita adquirir consciência do certo e errado, senão o conhecimento?
Imaginemos a vida como um grande mar. Sem conhecimento, navegamos à deriva, à mercê das tempestades e correntezas, ignorando a própria capacidade em tomar-se o controle do leme. Torcemos para que o pior passe logo e a segurança retorne, à espera de algo que nos ponha a salvo, sem certeza disso, entretanto. Mas que conhecimento nos habilitaria a esse domínio da própria vida?
Dentro do ser humano, existe uma vida interna que desconhecemos, e que podemos usar da mesma imagem. Sem consciência do que ocorre dentro de mim, vivo à deriva sob influência das circunstâncias. Por que você está lendo este texto? Você tem consciência do que lhe motivou para estarmos juntos até aqui? Movidos corriqueiramente por influências externas, ficamos sujeitos à influência de pensamentos que afetam nossa vida interna sem percebermos. Como está o seu ânimo hoje, por exemplo? Já parou um pouco para olhar para dentro? Sabe por que está animado, estimulado, abatido, ou simplesmente vivendo no modo automático? Como está o seu mar interno? Ter consciência dessa realidade, ou do mundo interno, como chamarei ao longo do texto, não é difícil, mas também não é fácil. Requer esforço e constância. Requer dedicação de tempo e, principalmente, sentir que conhecer essa realidade é importante para se tornar melhor e se superar.
Os pensamentos que cultivamos internamente ao longo do tempo ganham força e espaço em nossa mente, fazendo parte da nossa conduta. Parte do que somos corresponde aos pensamentos que habitam nossa mente. Dependendo da força que esses pensamentos possuam em nosso interno, movem-nos automaticamente. Coisa fácil de observar em nosso quotidiano. Todo movimento feito repetidamente, ao longo de um certo período, predispõe-nos àquele modo automático que dispensa refletir antes de agir. Você pensa no que precisa fazer ao acordar, antes de ir para o trabalho ou estudar? Ou são ações pré-programadas, automáticas?
Nossa conduta reflete o que se passa em nossa mente, que tipo de pensamento alimentamos, cultivamos e movemos. É necessário conhecer o que se passa em nosso mundo interno para conseguir discernir o certo do errado e, assim, ser alguém melhor a cada dia. Mas o que proponho com isso? O que move a mente? As ideias? Os pensamentos? Como desenvolver esse olhar?
É possível percebermos pensamentos construtivos que auxiliam nosso desenvolvimento, como aquela voz que parece surgir da consciência, recordando-nos de que fazer o bem nos transforma em seres melhores, de que existe em mim uma força capaz de mover-me para conquistar tais objetivos. E também percebemos os negativos, que nos levam a cometer erros, sugando nossa energia, tirando-nos o ânimo e nos tornando irreconhecíveis a nós mesmos. Esses pensamentos manifestam-se clara ou disfarçadamente. Dentre os negativos, poderíamos citar impaciência, intolerância, impulsividade e indolência entre tantos outros. Mas qual a diferença entre eles? O que se passa internamente quando espero em uma fila e constato que o atendimento é ineficaz e percebo meu ânimo se alterar? Será que essa identificação é sempre fácil de perceber? Ou existe um camaleão que habita dentro de mim, disfarçando-se para não ser apanhado e, com isso, continuar habitando meu mundo interno, sugando minhas energias, levando-me para um ciclo de atuações repetidas que, bem no íntimo, eu desaprovo?
Cada pensamento que se manifesta, primeiro na mente e depois na conduta, possui um traço específico. Se experimentamos um certo desconforto pela demora em ser atendidos, a impaciência pode estar atuando, por ter relação com o tempo. Se o desconforto é pela dificuldade para com o outro ser, talvez seja uma manifestação da intolerância devido a sua relação com o comportamento.
Certa vez, indo viajar, esperava para despachar a bagagem. O aeroporto estava bem movimentado e um pouco caótico. Conforme o tempo passava, o horário do voo ia se aproximando e a fila continuava sem muito avanço. Até que solicitei adiantarem-me o despacho, e realocaram-me em uma fila prioritária — que seguia igualmente vagarosa. Chegando minha vez, o atendente manifestou que o voo estava fechado e não sabia se daria para despachar a bagagem. Nesse momento, respondi: “Vai ter que dar”. O que passou por mim? Foi uma resposta pronta. Esse pensamento já estava alocado na minha mente no momento. E qual pensamento seria? O de impaciência ou de intolerância? O fator do tempo estava presente, é verdade, mas o que moveu minha ação não foi sua urgência, mas minha falta de compreensão com o posicionamento dele que, provavelmente, seguia ordens e possuía suas razões para dizer aquilo. Eu não estabelecera uma conexão com ele, colocando também minhas razões para chegarmos a um desfecho da melhor maneira, sem causar atrito no ambiente, ou corroborar para aquele ambiente caótico. Eu já estava pré-programado.
Com o estudo do conhecimento logosófico, que me tem capacitado a conhecer mais de mim mesmo, tenho procurado ficar atento ao meu mundo.
Vivemos em uma cultura que valoriza bastante o tempo, o que colabora ainda mais a nos apressarmos, sem desperdiçar tempo. Tudo pra ontem! Mas, e o tempo que dedico para o meu aperfeiçoamento? Para resgatar meus valores humanos? Isso tem valor? Grata surpresa poder refletir depois sobre aquela atitude e entender que o gatilho mental programado na minha mente não era a impaciência, como eu pensava, mas a intolerância que — como um camaleão — era um pensamento pronto a se manifestar, podendo confundir-se com a impaciência.
Se eu conquistar a capacidade de controlar minha intolerância e impaciência, não parece lógico ter o elemento necessário para ajudar o próximo que precisa, também, cultivá-las? Preciso conhecer-me, identificar esses traços típicos de cada pensamento que se manifesta, e sentir que força é essa em meu íntimo e que me impulsiona a buscar e querer ser melhor.
É importante que essa observação seja constante, intensificada e sempre modificada com base nos novos conhecimentos adquiridos. Pois pensamentos negativos se disfarçam o tempo todo como um camaleão em nossa mente, sem percebermos. Descobrir essa verdadeira causa requer esforço e empenho, do contrário, não teríamos dificuldade em nos modificar; superar os propósitos de mudanças que nos prometemos ao longo de toda a vida mas que sempre adiamos, achando que a correnteza da vida nos mostrará espontaneamente a direção. Sem refletirmos que, dependendo da tempestade, nosso barco pode virar e podemos perder o rumo de quem queremos verdadeiramente ser.
Um pensamento de Thiago Esch