Quando criança, ouvia em minha casa que “felicidade não existe”, que buscar a felicidade era uma “bobagem”, que “ninguém é feliz” e outras frases do gênero. Mesmo tendo minha razão infantil e incipiente, conseguia intuir que felicidade existe, sim, e que eu poderia buscá-la.
Mas onde está a felicidade? Onde vou encontrá-la?
Aos 20 anos eu conheci a Ciência Logosófica, que ensina que existe uma vida interna, cheia de recursos e energias. Desde então, venho aprendendo que sempre estive caminhando para fora e que precisava aprender a caminhar para dentro. Com a felicidade, ocorre o mesmo: a busca por ela deve começar de dentro para fora. Começar buscando a felicidade dentro de mim e não fora, em objetos e coisas ou mesmo nas outras pessoas, transferindo para outras pessoas a responsabilidade de me fazerem feliz.
Nesse caminho existe um porém: como caminhar para dentro se, ao olhar para dentro de mim, vejo um caminho escuro e não enxergo nada? Compreendi que, justamente por não conseguir olhar para dentro de mim, é que procuro tantas coisas fora!
Nesse “problema” que se criou na minha vida, ao querer andar num caminho escuro, aprendi a utilizar o método logosófico, que conduz de maneira firme ao conhecimento de tudo aquilo o que compõe a minha vida interna e, usando o conhecimento transcendente como uma lanterna que ilumina a mente e o coração, possibilita-me enxergar tudo aquilo o que há dentro.
Vou dar um exemplo da minha experiência com a utilização do método logosófico: não me considerava uma pessoa vaidosa; não usava maquiagem, mantinha meu cabelo naturalmente, não gastava dinheiro com roupas porque gostava de comprar bens mais “duráveis” e, com esses tipos de pensamento (a meu juízo), eu não era vaidosa. Seguindo as indicações do método logosófico, que recomenda fazer um repasse das deficiências psicológicas e identificar aquelas que são dominantes, eu me deparei, no livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, com a deficiência da vaidade e, ao ler a descrição que a Logosofia traz sobre essa deficiência, identifiquei-a enorme no meu interno. Percebi que eu era beeemm vaidosa! A vaidade com a exibição de atributos físicos não era significativa para mim, porém, a vaidade com os meus “atributos” intelectuais… essa sim, estava dentro de mim, dominando minha mente.
Foi o conhecimento transcendente, que o método logosófico ensina a utilizar, que iluminou a minha vida interna; o ensinamento logosófico jogou luz sobre minha mente e eu identifiquei essa característica psicológica — que pode ser muito negativa e que sempre esteve em mim, apesar de minha ignorância.
E o que essa descoberta tem a ver com a felicidade? Ao surpreender a minha realidade interna e perceber esse lado meu, tão desconhecido, senti que estava tomando posse de um terreno que sempre foi meu sem que eu soubesse e, por isso, não cuidava dele. Ao conhecê-lo, comecei a aprender a conduzir minha vida conscientemente.
Esse movimento de identificar o que eu levo dentro de mim e de ficar feliz quando identifico tanto uma característica positiva quanto uma negativa, é uma constante na vida de todos aqueles que seguem os estudos logosóficos.
A Logosofia traz, ainda, o conceito do ser humano como um ser biopsicoespiritual. Um conceito bem diferente daquele que eu tinha do ser humano como um ser social. Como seres biopsicoespirituais, nós temos uma parte biológica, uma psicológica e uma parte espiritual. A Logosofia não se ocupa diretamente da parte biológica, pois existem outras ciências que cuidam disso. Os ensinamentos logosóficos são direcionados para o ser psicológico e para o ser espiritual. O psicológico precisa ser conhecido e superado para que o espiritual possa ter seu papel preponderante na vida. Dei acima um exemplo de como identificar características psicológicas, mas, e o espiritual? Como conhecer o meu espírito? O método logosófico prescreve que façamos o seguinte: pensar em cinco coisas que agradam ao físico e cinco coisas que agradam ao espírito. Ao praticar esse exercício, identifiquei que meu físico se agrada muito quando eu leio, faço atividades físicas, movimento-me, vejo belas paisagens, trabalho, etc. O meu espírito, por sua vez, sente-se muito feliz quando eu faço o bem, quando sirvo às pessoas com generosidade, quando penso em Deus, quando reflito sobre como ser uma pessoa melhor e, pensando em mim, penso em meus semelhantes. Na verdade, o espírito ama quando eu penso!
Nesse contexto, conhecer a si mesmo significa conhecer toda a estrutura psicológica composta pela mente, pensamentos, sensibilidade, sentimentos, sensações, emoções, reações instintivas e outros elementos mais. Significa, sobretudo, fazer essa estrutura toda trabalhar a favor (e não contra) a vida que o espírito humano quer viver. Aquele terreno do qual eu tomei posse, vai sendo limpo para que eu possa construir algo novo sobre ele. A “limpeza” acontece no psicológico para que uma nova vida — que é a vida espiritual — possa ser construída ali.
Esse movimento todo é ou não é fonte de felicidade? Quem já experimentou esse pulsar da vida interna, já sentiu certamente que cada um leva dentro de si a fonte da felicidade.
Um pensamento de Adriana Dalla Valle Corrêa da Costa
Adriana Dalla Valle Côrrea da Costa, empresária, nasceu em Chapecó-SC, Mestre em Gestão Estratégica das Organizações pela UDESC-SC. Estuda e é docente da Fundação Logosófica em Curitiba desde 1996.