Um pastor de ovelhas estava cuidando de seu rebanho quando surgiu na estrada uma caminhonete linda, toda equipada. O veículo parou na frente do simples velhinho e logo desceu um homem com cerca de 30 anos, terno preto, camisa branca bem passada, gravata italiana, sapatos bicolores, e disse:
– Amigo, se eu adivinhar quantas ovelhas tem no pasto, o senhor me dá uma?
– Sim – respondeu o pastor meio desconfiado.
Então, o homem pegou um computador, conectou via celular à internet, entrou no site da NASA, identificou a área do rebanho por satélite, calculou a média histórica do tamanho de uma ovelha daquela raça, baixou uma tabela do Excel com execução de macros personalizados e, depois de meia hora, disse ao velho:
– O senhor tem 1324 ovelhas e, um detalhe: quatro podem estar grávidas!
O pastor admitiu que estivesse certo. Como havia prometido, disse que poderia levar uma das ovelhas. O homem da cidade pegou o bicho e o levou à caminhonete. Quando estava saindo, o velho perguntou:
– Desculpe, mas se eu adivinhar sua profissão, o senhor me devolve o animal?
Duvidando que acertasse, o requintado cidadão concordou.
– O senhor é consultor.
– Incrível! Como adivinhou?
– Por quatro razões: primeiro, pelo seu exibicionismo; segundo, veio sem que eu o chamasse; terceiro, me cobrou para dizer algo que eu já sabia; e quarto, nota-se que não entende nada do assunto que conversamos. Agora, por favor, devolva o meu cachorro!
Caro leitor, não se ofenda se for consultor porque eu também sou e discordo da conclusão da história, mas não é isso o que importa neste texto. Quero enfocar quem deve ser o nosso maior consultor na vida. Você já escolheu o seu? Tem argumentos para não trocá-lo por nenhum outro?
Eu sei que alguns bons atributos do meu consultor são: tem muito amor para dar, possui sabedoria infinita, já venceu todas as tentações que poderiam desviá-lo do melhor caminho, comunga com a verdade, não concorda com o materialismo, nem com o poder ou o prazer pecaminosos. Ah, também não cobra nada dos ‘clientes’, muito pelo contrário, recompensa muito bem quem o ‘contrata’. Já deu para saber quem é, não? Com todas estas qualidades, Ele fica sem concorrentes no mercado!
É importante lembrar que entraremos na quaresma, um tempo forte de caridade, penitência e oração – para nos aproximarmos mais de Deus e, por Sua graça, termos uma vida nova fundamentada no amor. Neste tempo de 40 dias, Jesus também foi tentado no deserto, venceu as tentações e foi exaltado pelo Pai. As tentações que sofreu tiveram as dimensões: material, espiritual e afetiva. Como Ele as venceu, você sabe?
A Bíblia nos diz que foi pela Palavra, pela obediência aos Mandamentos e também pela Sua humildade. E nós, hoje, comungamos com a maneira de ser e de viver de Jesus Cristo? Conseguimos renunciar os bens materiais em excesso e temos fé adoradora para sermos guiados pelo Espírito Santo?
Vencer as tentações é um desafio para ser aceito com Cristo no coração. Dessa forma, a consultoria que nos ajuda a discernir o bem do mal sempre estará presente e a vitória virá! A morte, que tanto nos amedronta, não é a principal perda na vida; muito maior é o amor que morre dentro de nós enquanto vivemos. Precisamos reconhecer que somos pecadores, limitados em nossas ações e, sabiamente, devemos correr atrás de um grande Consultor – que nos ajude a caminhar com dignidade fraterna.
Uma segunda história relata a viagem de outros dois consultores: um advogado e um economista. Quando tiveram que passar por uma região alagada pela chuva, recorreram a um barqueiro e iniciaram a travessia a remo. Querendo contar vantagem perto do homem da roça, o advogado disse-lhe:
– Você entende de leis?
– Não, senhor. Eu não pude estudar porque precisei trabalhar desde criancinha.
– Pois saiba que você perdeu metade da sua vida! Hoje em dia, quem não conhece as leis deste país morre mais cedo – falou o advogado.
E, para não ficar fora da conversa fiada, o economista disse ao barqueiro:
– Fazer contas você sabe, caboclo?
– Sei não, meu senhor. Eu confio nas pessoas que pagam pelo meu trabalho.
– Essa é boa! – caiu na gargalhada o economista. – Tenho certeza que você já perdeu metade da sua vida confiando nos outros.
De repente, um enxame de abelhas passou por eles. No desespero de não serem picados, começaram a se debater e o barco virou. Ouvindo os gritos de socorro dos consultores, o barqueiro perguntou:
– Vocês não aprenderam a nadar na correnteza? Então, perderam a vida inteira!
E de história em história, de testemunhos alegres e tristes que ouvimos, ganhamos experiência para concluir que ninguém melhor do que Jesus Cristo para ser o nosso Consultor eterno. O que foi dito por Ele, pode confiar!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).