Nos tempos de incertezas e inseguranças quanto ao próprio futuro, percebo um pensamento tomando conta de muitas mentes: o pensamento de temor. Passamos a ter medo de tudo: de sair de casa, de encontrar as pessoas, de encostar-se a objetos e superfícies, de adoecer, e até de morrer.
Esse temor tem sido alimentado pela nossa própria imaginação, que amplia e distorce as notícias e informações que recebemos todos os dias.
Mas como escapar disso? Como proteger e fortalecer nossas mentes contra esse pensamento que tanto nos debilita? Como enfrentar o temor?
Recordei-me da minha infância e dos muitos medos que tinha quando pequena. E, em quase todas as circunstâncias, sempre ouvia dos mais velhos: “Não tenha medo. Você precisa ser valente!”
Ser valente. O que é ser valente?
Na minha mente infantil surgiu a dúvida: ficar forte para sair lutando por aí? Lutar como? É segurar o choro?
Desde que iniciei meus estudos logosóficos, venho aprendendo um novo conceito de valentia: preciso saber lutar, mas agora venho descobrindo realmente contra quem (ou o quê) devo lutar.
Todas as minhas ações surgem primeiro em minha mente em forma de pensamentos.
Então, se quero ser mais valente, é dos meus pensamentos que devo cuidar, aprendendo a conhecê-los para saber identificá-los e, assim, conseguir selecionar somente os melhores.
A tal luta que eu ficava imaginando nos tempos de criança já não é mais a mesma. As verdadeiras lutas são as que devo enfrentar dentro de mim mesma — contra os meus próprios pensamentos!
Aprendendo a identificar os verdadeiros inimigos
Certa vez, conversando com um amigo, percebi pela mudança em seu tom de voz que ele abordaria um assunto do qual eu não gostava e que provocava em mim muitas reações. Tendo percebido esta situação, tive a oportunidade de preparar meus pensamentos para aquela conversa. Mas não foi o que eu fiz.
Assim que ele iniciou o assunto, já alterei minha fisionomia e demonstrei o meu desconforto e impaciência com aquela conversa. Optei pela queixa, pela oposição e rigidez. A conversa terminou e um profundo mal-estar foi criado entre nós.
Por que agi assim?
Ao refletir sobre o episódio, compreendi que precisamos ser valentes o tempo todo. Quando precisamos fazer escolhas, ou tomar alguma decisão, é necessário lutar contra vários pensamentos; para isso, precisamos ser muito valentes!
Eu poderia ter escolhido escutar meu amigo com tolerância e boa vontade, mesmo não concordando com o que ele dizia, mas não fui valente para expulsar os pensamentos de intolerância e desarmonia da minha mente.
Sinto que a valentia tem que me acompanhar em todos os momentos do dia. Fui listando algumas situações bem familiares em que preciso ser muito valente:
Enfim, preciso ser valente para deixar de atuar (e ser) como não gostaria e passar a atuar (e ser) de acordo com os meus verdadeiros propósitos.
Cultivar a valentia requer esforço, e é importante não ter medo do esforço que se deve fazer ao enfrentar as lutas.
A verdadeira valentia emana do conhecimento, do que nos faz pensar, refletir e querer agir sempre melhor.
Um pensamento de Nirvana Motta Arantes
“Nirvana Motta Arantes, docente do Colégio Logosófico Unidade Cidade Nova, nasceu em Belo Horizonte, e estudou e formou-se também em Fonoaudiologia no Rio de Janeiro. É casada e tem dois filhos. É estudante de Logosofia e colaboradora na Sede Cidade Nova, em Belo Horizonte, desde novembro de 2014”