Mas a graça Divina nunca o abandonou, fazendo-o orar continuamente para que esse doloroso espinho saísse do seu coração. Foi quando, certa manhã – celebrando a Santa Missa atormentado pela sua dúvida -, após proferir as palavras da consagração, ele viu a hóstia converter-se em Carne e o vinho em Sangue.
Sentiu-se confuso e dominado pelo temor diante de tão espantoso milagre, permanecendo algum tempo transportado a um êxtase verdadeiramente sobrenatural; até que, em meio a transbordante alegria e com o rosto banhado em lágrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:
– Ó bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!
A estas palavras, os fiéis se precipitaram para o altar e começaram também a chorar e a pedir misericórdia. A Carne apresentava uma coloração ligeiramente escura – tornando-se rósea se iluminada do lado oposto – e tinha uma aparência fibrosa. O Sangue era de cor ferrosa – entre o amarelo e o ocre -, coagulado em cinco fragmentos, de forma e tamanhos diferentes. Logo a notícia se espalhou por toda a pequena cidade, transformando o monge num novo Tomé.
Aos reconhecimentos eclesiásticos do milagre, a partir de 1574, veio juntar-se o pronunciamento da ciência moderna – através de minuciosas e rigorosas provas de laboratório. As relíquias foram colocadas num tabernáculo de marfim e, a partir de 1713, a Carne passou a ser conservada numa custódia de prata e o Sangue num cálice de cristal.
Foi em novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais decidiram, devidamente autorizados, confiar a dois médicos – de renome profissional e idoneidade moral – a análise científica das relíquias. Para tanto, convidaram o Dr. Odoardo Linoli, Chefe de Serviço dos Hospitais Reunidos de Arezzo e Livre Docente de Anatomia e Histologia Patológica e de Química e Microscopia Clínica, para proceder aos exames – assessorado pelo Prof. Bertelli, Emérito de Anatomia Humana Normal na Universidade de Siena.
Após alguns meses de trabalho, exatamente a 4 de março de 1971, os pesquisadores publicaram um relatório contendo o resultado das análises, nos seguintes termos:
1. A Carne é verdadeira carne;
2. O Sangue é verdadeiro sangue;
3. A Carne é do tecido muscular do coração (miocárdio, endocárdio e nervo vago), totalmente homogênea e não apresenta lesões – como apresentaria se fosse cortada com uma lâmina;
4. A Carne e o Sangue são do mesmo tipo sangüíneo (AB) e pertencem à espécie humana;
5. É o mesmo tipo de Sangue encontrado no Santo Sudário de Turim;
6. Trata-se de Carne e Sangue de uma pessoa viva, vivendo atualmente, pois que esse Sangue é o mesmo que tivesse sido retirado, naquele mesmo dia, de um ser vivo;
7. No Sangue foram encontrados, além de proteínas normais, os seguintes minerais: cloretos, fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio;
8. A conservação da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por 12 séculos e expostos à ação de agentes atmosféricos e biológicos, permanece um fenômeno extraordinário!
Se já não bastasse tanto mistério – que só a fé explica! -, há um outro dado desconcertante: pesando-se os cinco fragmentos de Sangue coagulado, cada um deles teve o mesmo peso dos cinco juntos! E, antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas, os doutores Linoli e Bertelli enviaram aos frades um telegrama nos seguintes termos: “E o Verbo se fez Carne!”
É assim que o Milagre de Lanciano se apresenta aos nossos olhos: como a prova mais viva e palpável de que o “Comei e bebei todos vós, isto é o meu Corpo que é dado por vós”, mais do que uma simples simbologia para muitos, é o sinal Divino de que no Sacramento da Comunhão está o alimento do nosso espírito, da nossa fé, da nossa esperança nas promessas de Cristo para a nossa salvação. Disse Jesus: “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6, 54)
Reconhecendo que a maior e a mais preciosa de todas as bênçãos deste mundo é Jesus na Sagrada Eucaristia, podemos diariamente buscar Nele a cura para o nosso coração, nos afastando, assim, das armadilhas demoníacas para sempre. Adorando o Santíssimo Sacramento no altar, damos também um grande testemunho de fé cristã – acreditando que Jesus está vivo!
Aleluia! Glória a Jesus na Hóstia Santa!
Paulo R. Labegalini
Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).