Por André Luiz Medeiros, Moisés Diniz Vassallo, Victor Eduardo de Mello Valerio
No nosso último painel de economia e finanças falamos sobre as expressivas valorizações das ações negociadas na bolsa de valores do Brasil, a B3. Após explicarmos o que significa o índice Bovespa e as razões pelos quais os preços das ações variam é natural que muitos se perguntem como fazer para participar deste mercado e realizar investimentos em ações negociadas em bolsa.
Os primeiros passos consistem em entender o que são as ações das empresas e como funciona este mercado. As ações são ativos, ou direitos de propriedade, que representam uma parcela do capital da empresa. O detentor da ação pode se considerar um sócio, proprietário de parcela da empresa. Os sócios da empresa geralmente são divididos em dois tipos, os majoritários que possuem a maior parte das ações e os minoritários. Cada qual com seus direitos e deveres definidos na estrutura societária ou razão social da empresa.
Agora que já sabemos que possuir uma ação da empresa significa ser socio desta empresa vamos entender como funciona o mercado de ações. Muitas empresas possuem estrutura societária fechada onde não há livre negociação das suas ações em um mercado, neste caso chamamos de empresas de capital fechado e as ações só podem ser compradas em negociações diretas com os proprietários da empresa. Por outro lado, algumas empresas, as chamadas de capital aberto, negociam suas ações em bolsas de valores. Ao lançar suas ações em uma bolsa de valores a empresa está na verdade procurando parceiros anônimos (sem distinção de preferência pessoal) para financiar seus projetos ou suas “ações”.
As bolsas de valores, são portanto, um ambiente de mercado regido por regras claras que buscam proteger os participantes. Algumas empresas optam por buscar financiamento para suas “ações”, projetos e novos investimentos neste ambiente, vendendo quotas de participação em seus negócios, as quais recebem o nome de ações.
A bolsa de valores, assim como qualquer outro arranjo de mercado promove o encontro entre vendedores e compradores que regulamentados por alguma instituição de controle realizam suas transações de compra e venda com segurança. Neste ambiente empresas lançam ações que representam as quotas de participação nos seus negócios e que pode pagar dividendos aos acionistas quando o negócio acumula lucros.
Para que este mercado funcione de maneira segura é necessário que tanto as empresas que ofertam suas ações quanto os investidores que compram estas ações sigam algumas regras. No caso do Brasil quem determina as regras e acompanha o cumprimento das mesmas é a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, uma autarquia do governo federal que preza pelo bom funcionamento das bolsas do nosso país.
Atualmente, o Brasil possui apenas uma bolsa de valores onde se comercializam as ações de empresas de capital aberto. Esta bolsa é administrada pela empresa B3 (Brasil Bolsa Balcão). Para acessar as negociações realizadas neste ambiente o investidor interessado tem que emitir suas ordens de negócio por meio de uma corretora de valores.
São definidas como Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVMs), as instituições financeiras que tem como atividade principal ou acessória a intermediação de operações nos mercados regulamentados de valores mobiliários, como é o caso dos mercados de bolsa e de balcão (organizado ou não).
Portanto para acessar o mercado de ações é necessário escolher uma corretora de valores, abrir uma conta de investimento. Para tanto será requisitado ao investidor que forneça documentos pessoais como RG, CPF, cópia da declaração do Imposto de Renda, comprovante de endereço entre outros. Além disto, ao futuro investidor também será solicitado o preenchimento de formulários e questionários de perfil de investimento. Todas essas informações são requisitadas pela corretora para atender as regulamentações da CVM, o que implica em certa burocracia.
Com a conta aberta em uma corretora você precisará de um saldo em sua conta, ou seja, é necessário transferir recursos ou ter crédito junto a corretora. Com estes passos cumpridos já é possível iniciar suas operações no mercado de ações, enviando à corretora ordens de compra ou venda de ativos (ações). Hoje em dia com a tecnologia digital bastante difundida é possível enviar estas ordens com apenas alguns cliques na página de internet da corretora ou no aplicativo para dispositivos móveis.
As corretoras podem ou não cobrar uma tarifa para executar estas ordens, chamadas de “corretagem”, portanto, pesquise a corretora com as menores tarifas[1]. Tendo a possibilidade de enviar ordens de compra ou venda, basta escolher as ações que deseja comprar ou vender, definir a quantidade que deseja e o preço que quer pagar no caso da compra ou receber no caso da venda.
A corretora irá encaminhar ao sistema da bolsa de valores esta sua demanda (compra) ou oferta (venda) e caso haja alguém no ambiente da bolsa, mesmo que operando por outra corretora, disposto a fazer negócio com você pelos valores que você definiu então sua ordem será executada no ambiente de mercado e a negociação efetivada, transferindo dinheiro de quem compra para quem vende e a ação de quem vende para quem compra.
Mas antes de realizar suas negociações é importante definir seus objetivos, traçar suas estratégias de investimento, avaliar as ações disponíveis no mercado, suas expectativas de valorização e pagamento de dividendos (lucros distribuídos).
É importante sempre lembrar que o preço de negociação das ações podem variar para cima ou para baixo, ou seja, como em qualquer mercado o bem pode se valorizar ou se desvalorizar a depender das relações entre oferta e demanda, portanto, você estará sujeito a aumentar o valor do seu capital investido ou diminuir, ganhando ou perdendo dinheiro. Por isso, ter uma boa consciência do que se está comprando ou vendendo é de extrema importância para que você não comprometa suas finanças.
Para quem não quer se arriscar sozinho, seja por insegurança ou por entender que ainda não tem os conhecimentos que julga necessário para realizar seus investimentos a indicação é que compre cotas de um fundo de renda variável. Neste caso os gestores do fundo, profissionais certificados, cuidarão da alocação dos recursos dos investidores em uma cesta de ações que acreditam ser a opção com a melhor relação de retorno em relação ao risco. Embora neste caso você esteja entregando seu dinheiro para especialistas tomarem as decisões de investimentos para você, ainda assim perdas podem acontecer.
Portanto, a melhor forma de começar a investir em ações é investindo em conhecimento sobre o assunto. Entender como avaliar a expectativa de lucratividade de uma empresa e como anda a economia em geral é de sumária importância para que seja possível obter bons resultados neste mercado.
Nos vemos em breve em um novo painel de educação financeira!
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Prof. Dr. Victor Eduardo de Mello Valerio
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
O painel de educação financeira é uma parceria do programa Conexão Itajubá com o Grupo Denarius da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
https://www.facebook.com/denarius.unifei/
[1] Algumas corretoras também podem cobrar uma taxa de custódia. Com o mercado mais competitivo dos dias atuais esta é uma tarifa cobrada por poucas corretoras, mesmo assim, é bom confirmar se não haverá este tipo de cobrança na corretora que escolheu.