– Eu gostaria muito de tê-los como amigos para passearmos juntos. O que acham?
O cachorro se manifestou rapidamente:
– Não daria certo. Você é muito lento e não conseguiria nos acompanhar nas corridas.
Mas o rato insistiu:
– Isso não seria problema. Conheço atalhos subterrâneos que me levariam rapidamente aos lugares onde vocês forem!
– Você anda sempre sujo! Nem tem dono para lhe dar um banho! – disse o gato.
E o ratinho também conseguiu um argumento para isso:
– Com a amizade de vocês, deixarei os esgotos e passarei a estar mais limpo também!
A palavra voltou para o buldogue:
– Com o seu tamanho, eu poderia pisar sem querer em você e não pretendo ser acusado de maltratar os amigos.
Após algum silêncio, o angorá teve mais uma brilhante opinião contra a nova amizade:
– Quando estou com fome e quero variar a alimentação, procuro ratos para comer. Gostaria de ser o meu almoço?
Pacientemente, o camundongo respondeu:
– Olha, seu gato, tenho fugido do senhor porque nunca tive a oportunidade de ajudá-lo a conseguir uma boa alimentação. Se quiser, lhe indico uns açougues ótimos!
Conversa vai, conversa vem, e os dois maiores pediram mais tempo para pensarem na proposta que receberam. Logo na manhã seguinte, os três voltaram a conversar e o imponente cachorro falou:
– Amigo rato, a partir de hoje, você será considerado nosso fiel companheiro, desde que não nos traga mal cheiro nem alguns companheiros indesejáveis.
E para surpresa dos dois parceiros, o ratinho recusou:
– Vocês me convenceram que realmente não daria certo nossa amizade. Além de tudo que me disseram ontem, eu também não quero ter amigos briguentos durante o dia e, ainda, dormindo a noite toda. Vivo melhor sozinho!
Ouvindo isso, as pulgas que acompanhavam o cachorro e o gato, pularam imediatamente no camundongo, convencidas que, ficando com ele, os seus problemas também seriam menores: sem barulho, sem gente por perto, sem água e sem muita correria.
Bem, esta história serve para mostrar que, às vezes, nosso poder de argumentação ultrapassa as fronteiras previstas e ganham dimensões inimagináveis. Você viu que a intenção do rato era conquistar mais dois amigos, mas acabou convencendo também as pulguinhas. E a mesma argumentação que os animais usaram para rejeitar a amizade do ratinho, serviu para afastá-lo quando o aceitaram.
Portanto, não custa nada pensarmos melhor antes de excluirmos alguém do nosso meio, não? Caso contrário, quando quisermos reatar o bom convívio, pode ser tarde demais. Da mesma forma, quando tivermos oportunidades de testemunharmos as maravilhas do Reino de Deus, precisamos fazê-lo imediatamente e com convicção, pois evangelizar é a nossa maior missão na Terra.
Se alguém lhe dissesse que não é digno de servir a Deus, o que responderia? Santa Terezinha argumentou assim: “Ele não chama os que são dignos, mas os que lhe apraz”. E a mesma santa escreveu isto:
“Durante muito tempo perguntei por quê é que Deus tinha preferências, por quê é que as almas não recebiam todas o mesmo grau de graças, e espantava-me ao ver que Ele concedia favores extraordinários aos santos que O tinham ofendido, como S. Paulo e Santo Agostinho! Jesus dignou-se instruir-me acerca deste mistério. Pôs diante dos meus olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores que Deus criou são belas.
Ele quis criar os grandes santos que podem ser comparados aos lírios ou às rosas; mas criou também os mais pequenos e esses devem contentar-se em ser margaridas ou violetas, destinadas a alegrar o olhar do bom Deus quando Ele as pisa. A perfeição consiste em fazer a Sua vontade, a ser o que Ele quer que sejamos.”
E então, não foi convincente a explicação da doce Terezinha do Menino Jesus? Aliás, as explicações mais simples são as mais verdadeiras e aquelas que suscitam maior credibilidade. Quando temos que falar muito para convencer alguém, fica mais difícil, concorda? E quanta gente Santa Terezinha está convencendo até hoje!
O próprio Jesus quando chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado, e disse-lhes também: “Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos numa localidade, se os seus habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles”. Eles partiram e pregavam o arrependimento, expulsavam numerosos demônios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam.
Nenhum argumento podia impedi-los de praticar o bem! Isso também poderia acontecer conosco se…