Como começa todo este processo? Bem cedo…
Durante a gestação, o ser humano passa pela experiência da entrega, de ser construído, sem interferência. Ele simplesmente é!
A perfeição desse processo do criativo divino é reconhecida no momento do nascimento, na gratidão de todos pelo “presente”. Mas logo diferentes interesses religiosos, educacionais e comerciais – assumem o novo Ser e decidem ditar como as coisas devem ser.
Assim, o Ser progressivamente passa a ser negligenciado em favor de sua contraparte, o Ter, à semelhança do conceito Freireano de Educação Bancária, segundo o qual, conteúdos são levados à criança do mesmo modo que se deposita dinheiro no banco.
Com esse deslocamento rumo ao mundo da ambição, começa a jornada de separação, de afastamento da consciência divina e da adoção de valores ditados pelo ego, originados e reforçados à exaustão por diferentes fontes. Interiorizadas, estas “verdades” determinam a forma como se vê a vida, uma propensão rumo ao bem-estar ou à enfermidade, à pobreza ou à prosperidade.
O mais trabalhoso de todos os mantras negativos é a denominada “Mentira Pessoal”, identificada em práticas terapêuticas do Renascimento (Rebirthing). Trata-se do “pensamento-crença-sentimento mais negativo ou limitante que uma pessoa pode ter sobre si mesma e sobre o Universo e que permeia toda a sua vida, de forma inconsciente”.
É o mantra negativo que geralmente se cristaliza no corpo no momento do nascimento, projetando-se na vida e interferindo no roteiro da mesma. Ele pode começar na própria sala de parto quando os presentes emitem pensamentos como “A vida é difícil e dolorosa” ou “A vida é uma luta”, que são impressos sobre o corpo do bebê associados à sua primeira respiração.
Esse tipo de mantra ou crença também pode se instalar durante a gestação, caso a concepção não tenha sido desejada, se houve intenção de aborto ou mesmo se os pais desejam uma menina e nasce um menino. Ele é tão doloroso que o novo ser reduz o ritmo de sua respiração para não entrar em relação, mas ainda assim, o pensamento se integra à memória celular e cria padrões de comportamento, que só serão superados por meio do mecanismo de compensação.
Sabemos pouco, talvez nada, a respeito da psicologia da concepção, assim como sobre os efeitos que a intenção contida na relação sexual possa ter sobre a informação impressa no conjunto óvulo-espermatozoide (Zigoto). Afinal, o encontro óvulo-espermatozoide é puramente físico ou o ambiente que o envolve e permeia tem algum papel em termos informativos? Vale a pena, nesse sentido, conhecer o trabalho do neuroanatomista artístico Alex Grey, especialmente “Os Espelhos da Capela Sagrada”, que mostra artisticamente a representação dos corpos suprafísicos do ser humano.
Ser concebido fisiologicamente onde o encontro do óvulo com os espermatozoides se dá entre superfícies íntegras e arredondadas que se tocam pode conter informação diferente daquela que ocorre quando o óvulo é inoculado por uma agulha de punção? O ato sexual pode ter alguma qualidade de informação diferente daquela que ocorre “in vitro”? Discute-se muito sobre sexualidade, legalização do aborto em situações de violência sexual, sem que nos apercebamos que a própria inoculação do óvulo pela agulha apresenta ressonância simbólica com o ato violento do estupro.
Opiniões à parte é fundamental que nos conscientizemos desses “pequenos” detalhes, visando sempre a melhoria em nossas escolhas. O fato de uma pessoa não conseguir engravidar é um obstáculo a ser transposto a qualquer custo ou pode conter alguma outra informação sobre a história particular de vida da pessoa? Enfim, você acredita que a vida repousa sobre o acaso ou sobre um mistério tremendo e fascinante?
Do mesmo modo que um terreno é preparado para o plantio de determinadas culturas e impedido de permitir o crescimento de outras, também o ato primordial carece de melhor compreensão relativa à natureza das forças criativas assim como da importância ou não do ambiente em que a concepção ocorre. É custoso crer que não haja diferenças informacionais entre seres concebidos naturalmente, seres concebidos em situações de estupro e seres concebidos após fecundação “in vitro”. Situações ainda sem resposta, mas que merecem ser pensadas.
Um bebê afastado de sua mãe após o parto pode interiorizar afirmações como: “Não me querem” ou “Não mereço ser amado”. Como compensação ao diálogo interno negativo, ao crescer, faz de tudo para obter amor e cria vínculos de dependência. Ou então, se afasta das pessoas e evita situações de intimidade, que realcem sua vulnerabilidade e receio de não ser amado.
A mentira pessoal e sua compensação costumam induzir à escolha de uma profissão determinada. Assim, um parto doloroso para a mãe, que faz o bebê interiorizar o mantra “Minha presença machuca os outros” pode levá-lo futuramente a escolher profissões onde possa aliviar a dor de outras pessoas. Outro que se sente feio ou não desejado pode optar por profissões ligadas à estética ou à beleza. Já aqueles que memorizam “Eu não tenho valor” podem apresentar a tendência a se transformarem em executivos bem-sucedidos, mas que alternam êxito com auto sabotagem.
Até que essa mentira seja sanada somos incapazes de nos integrar a Deus e ao Universo, visto ser determinante da forma pela qual criamos e interpretamos a realidade.