Um dia, alguns dos meus alunos aguardavam o resultado de vagas em um programa universitário, e preparando o espírito daqueles que ficariam de fora, uma psicóloga fez um breve comentário sobre: ‘Será que o meu nome está na lista?’ Então, falou que em diversas fases de nossas vidas nos preocupamos em sermos incluídos em alguma lista: de aprovados no vestibular, de convidados para um casamento, de premiados em algum concurso etc. E concluiu dizendo que, independentemente dos resultados, sempre haverá alguma outra lista para torcermos estar nela, porque a vida continua.
E quando os nomes apareceram na tela, algumas alunas choraram por não ganharem a bolsa, mas, com certeza, as palavras da psicóloga aumentaram a esperança de estarem em outras listas. E fiquei pensando: ‘Puxa, em quantas listas já fiz parte e em quantas eu também já fui excluído!’ Os coordenadores dos movimentos Ovisa e Cursilho, por exemplo, alegram e chateiam muita gente todo ano quando divulgam os nomes daqueles que irão trabalhar!
E servir a Deus é tão bom que todos que experimentaram não querem parar. Tenho dito que ficarei igualmente feliz quando outra pessoa estiver no meu lugar em algum grupo de evangelização, porque reconheço que muitos merecem as mesmas oportunidades que já tive. Mas, infelizmente, nem todos os agentes pensam assim e alguns são capazes de se afastar da comunidade que servem se não forem incluídos em determinadas listas.
Conheço a história do colar perdido da rainha. Era uma joia rara, com muitos diamantes e pedras preciosas, que um dia foi levado do castelo por uma ave de rapina. A recompensa oferecida foi tão grande que todos do reino puseram-se a procurar. Uns vasculhavam os pastos, outros subiam no alto das montanhas, alguns procuravam nos ninhos de águias e gaviões, enfim, não faltava esforço para se tornar um cidadão muito rico.
Alguns meses depois, o bobo da corte não mais conseguia divertir os nobres devido à tristeza do colar perdido. Então, foi conversar com um sábio, que lhe disse:
– Você está muito preso nas coisas do mundo e nada vai melhorar se continuar assim. Olhe mais para as coisas do alto.
Aquelas palavras o entristeceram ainda mais, porque não viu sentido no conselho dado pelo bom homem. Foi quando resolveu fazer um longo passeio a pé pelo bosque e, ao passar por um grande lago de águas turvas, viu a imagem do colar real no fundo. Era um depósito de lixo e a sujeira boiava por toda parte, mas, não hesitou em colocar o braço no lago e tentar pegar a jóia. Passou horas tentando e percebeu que não alcançaria. Veio a noite e o bobo dormiu no local – para vigiar aquilo que todos procuravam.
No dia seguinte, criou coragem e mergulhou na água contaminada. Ia, voltava, e nada de encontrar. Somente quando saía do lago, enxergava novamente o colar no fundo. Mais alguns dias tentando e percebeu que estava doente de tanto engolir água suja. Deitou as costas no chão e, olhando para o alto, viu o colar pendurado no galho de uma grande árvore. Voltando a olhar para o lago, constatou que a imagem da preciosa jóia refletia na água.
Sem forças para subir nos galhos e apanhar o colar, continuou deitado, pensando nas palavras do sábio: ‘Olhe mais para as coisas do alto’. Em pouco tempo, ele deixou de fixar os olhos no colar, passou a contemplar a beleza do céu, rezou, pediu perdão ao Criador e morreu em paz.
Quando os súditos do rei o encontraram, viram que seus olhos estavam arregalados para o céu. Tentando entender o que ele olhava antes de morrer, acharam o colar na árvore. Então, o bondoso monarca resolveu repartir a recompensa entre todos que procuraram a jóia; e o bobo da corte ficou fora da lista! Mas, e na lista daqueles que entraram no Céu, será que ele não fez parte?
Você daria a sua vida para ganhar o Paraíso? ‘Talvez hoje não’; acertei? Pois é, isso mostra que não confiamos plenamente nas promessas de Cristo! Se o Céu é um lugar onde corre leite e mel, onde não há tristeza e só tem gente boa, por que adiar tanto essa viagem? Aqui também é bom, não é mesmo? Sem pecados, concordo que sim.
Bem, prepare-se porque novas listas de pecados estão chegando: amigos que se reúnem para falar mal dos outros; pessoas que excluem os pobres da mesa farta; criaturas que não perdoam aqueles que erram… lista dos que vão para o purgatório… lista dos que não irão se salvar!
Se tiver juízo, reserve seu lugar em outras listas: daqueles que atendem os chamados de Deus; daqueles que amam o próximo; daqueles que lutam pela paz e pela justiça social… lista dos amigos do Sagrado Coração… lista dos devotos de Nossa Senhora… lista dos que buscam a salvação eterna!
Escreva o seu nome na lista que desejar, antes que seja divulgada.
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).