“Cumpre que se diga que temos obrigação de crer nas revelações divinas contidas na Bíblia Sagrada. Estas terminaram com o que está escrito no Apocalipse, último livro das Escrituras. Depois disto, revelações particulares não têm, evidentemente, o mesmo alcance, inclusive, as mensagens de Fátima. Jesus foi claro: ‘Fazei penitência e crede no Evangelho’ (Mc 1,15).
O importante é viver em função das virtudes teologais e praticar plenamente as virtudes morais. A mensagem de Fátima conclama a que se unam as forças do bem no mundo, para que haja harmonia nesta terra. Cumpre confiar em Jesus, nosso único salvador, cuja cruz assentada na montanha deste mundo é o sinal da vitória do bem contra as forças malignas.
Sob este aspecto, não há novidades na referida mensagem, mas há um alerta que deve ser permanente. Em todos os tempos houve e haverá guerras, tribulações, perseguições à Igreja, crueldades, mas a fé em Jesus sustenta os cristãos que não esmorecem nunca e se entregam à santidade de vida. À frente da Igreja, surgem sempre as figuras dos papas a ajudarem a subida da montanha.
As visões de Lúcia são consoladoras se bem interpretadas e mostram o poder redentor de um Deus numa história humana de martírio e de lutas ferozes contra o Inimigo do gênero humano. Cumpre ao cristão seguir o que Jesus preconizou: ‘Se alguém quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’ (Mt 15,24); deixando de lado especulações sobre o fim do mundo, impedindo todo e qualquer tipo de pânico e tendo uma visão otimista da história – apesar dos males causados pelo pecado original, fonte de tantas misérias. Tudo que está na mensagem de Fátima se refere ao passado e não ao futuro.
O que é preciso é muita oração, penitência e conversão interior. Isto é o que Nossa Senhora de Fátima quer de seus devotos, e não especulações infantis. Seria bom que se lesse Lucas: 17,20-25. O Coração Imaculado de Maria há de triunfar sim, na medida em que os seus filhos imitarem suas virtudes e forem verdadeiramente ‘sal da terra e luz do mundo’ (Mt 5,13).
Maria foi aquela que acreditou (Lc 1,45) e foi fiel ao ‘sim’ que deu ao Ser Supremo. Satanás quer a perdição das almas, mas quem se acha sobre a proteção da Virgem Santa estará salvo. O viver livre e sem coação, o escolher o seu modo de existência, ignorando os Mandamentos divinos, são a nascente dos males hodiernos.
Saber viver intensamente o Evangelho neste clima atual de individualização inteiramente liberal é uma arte que exige um esforço sobre-humano, mas o devoto de Maria evita traumas e conflitos fatais sob sua égide poderosa. Ela está a clamar: ‘Se sois cristãos, tendes o mundo nas mãos. Salvai-o com vossas preces e vossa penitência’. Nada, portanto, de pensamentos alheios à realidade dos fatos!”
Que reflexão maravilhosa, não? O conteúdo da terceira parte do Segredo de Fátima, revelado em 13 de julho de 1917 e redigido em 3 de janeiro de 1944 pela Ir. Lúcia dos Santos, é o seguinte:
“Escrevo, em ato de obediência a Vós meu Deus, que me mandais por meio de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo de Leuria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda.
Ao cintilar, desprendia chamas que pareciam incendiar o mundo. Mas, apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte, dizia: ‘Penitência, penitência, penitência’.
E vimos numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se veem as pessoas no espelho quando lhe diante passa um bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz de tronco tosco, como se fora de sobreiro como a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meia em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.
Chegando ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após os outros: os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles irrigando as almas que se aproximavam de Deus.”
Este, portanto, é o conteúdo do Terceiro Segredo de Fátima. Todo o resto é pura fantasia.