O Turismo como ferramenta de desenvolvimento
Primeiramente: O que significa “fazer Turismo” ?
Em linhas gerais significa a oportunidade de viajar, se deslocar para algum local, seja perto ou longe do nosso habitat normal, para momentos de lazer. Esta simples mudança de rotina implica em ter que gastar algum dinheiro para satisfazer um desejo, uma curiosidade ou apenas alegrar momentos de nossa vida cotidiana, e por menor que seja o deslocamento e/ou a atividade, gasta-se algum dinheiro, seja no transporte, na alimentação, em ingressos, em lembranças, etc. Então, paralelamente, “turistar” é uma atividade também bastante comercial.
E o que vem a ser “ferramenta de desenvolvimento” ?
Geralmente, entende-se por atividade que traz avanços, novas perspectivas, novos negócios, crescimento enfim. Resumindo, se bem estruturada, bem viabilizada, traz melhorias, sejam elas sociais, ou econômicas, ou culturais, etc. Então, se o Turismo pode ser uma ferramenta de desenvolvimento, significa que é bom, pode trazer melhorias, seja para um Município, um Estado ou para todo o país.
Como exemplo, em breve o Brasil vai vivenciar 2 grandes momentos esportivos : sediar uma Copa do Mundo de Futebol (2014) e uma OIimpíada Mundial (2016). Serão 2 grandes oportunidades para acelerar nosso desenvolvimento em vários sentidos. Forçosamente vai haver um entrosamento das esferas Municipal, Estadual e Federal em torno de um mesmo objetivo, pois não serão apenas algumas cidades que sediarão alguns dos eventos, mas o país como um todo, e estes eventos esportivos estão sendo vistos como grandes eventos turísticos. De onde se conclui que o Turismo é sim um grande aliado, uma grande ferramenta para a melhoria de um município, de um estado, de um país.
Pela minha experiência de mais de 10 anos envolvido com o Turismo na região da Mantiqueira mineira, percebi que ainda encontramos pessoas em posição chave na administração pública, que ainda não perceberam isto, conseqüentemente anulando parte do potencial de algumas cidades.
Como colaborador por Passa Quatro, ajudei fundamentalmente na revitalização da Estrada Real, da criação do trem turístico (Maria Fumaça), do Centro de Informações Turísticas, da Casa do Artesão, da Rodoviária Municipal, da Casa da Cultura, do Projeto Brasil Nota 10, do tombamento de dezenas de casarões antigos, da fundação da ONG Associação Pró Serrafina, na realização de etapas do campeonato nacional de mountain bike, na elaboração do Plano Diretor Municipal, fui membro do conselho de Turismo, do conselho Patrimonial, do CODEMA, do Conselho consultivo da Flona de Passa Quatro, do Conselho da APA da Mantiqueira, entre outros.
Como Gestor por 5 anos, do Circuito Turístico Terras Altas da Mantiqueira, alem de divulgar as cidades e seus atrativos em feiras e congressos, em famtours, em 39 publicações, em 5 canais de televisão, etc, pude participar ativamente de alguns dos mais importantes e fundamentais passos dados em Minas neste sentido, ou seja, pude participar ao longo destes anos, de vários “primeiros eventos” sedimentadores das políticas estaduais em prol do desenvolvimento do Turismo mineiro. Exemplos: primeiras certificações de circuitos; criação da FECITUR (Federação dos Circuitos Mineiros, fui da primeira diretoria); criação do ICMS Turístico (em 2006 apresentei a primeira proposta para a Secretária de Turismo da época, cuja aprovação conseguimos em 2009); campanha pela recuperação e asfaltamento de rodovias estratégicas do sul de Minas e complementar sinalização turística rodoviária; verbas para capacitação de pessoal através do Sebrae; verbas para marketing ( diagnósticos, site na Internet) ; o catálogo de produtos turísticos Serras Mineiras ; a implantação do projeto Estrada Real ( participei da elaboração do primeiro inventário que provou a viabilidade do projeto e das posteriores campanhas de implantação ); Primeiro Salão Mineiro de Turismo; primeiro Fórum de Turismo Rural; incluí alguns textos no primeiro Plano Plurianual Mineiro para o Turismo; etc. Ou seja, ajudei a semear e vi florescer um padrão de Turismo que hoje é até copiado por outros estados e orienta o Ministério do Turismo (a Lei Nacional do Turismo, tem apenas 3 anos). Tenho um farto arquivo de fotos e documentos que comprovam estes fatos.
Desta experiência cheguei às seguintes conclusões: o Turismo está em plena expansão e é sim uma ótima ferramenta para contribuir com o desenvolvimento das cidades, do estado e da nação. Através dele incentivamos a cultura, a infraestrutura, o comércio, o setor rural, nossos produtos típicos, etc. Através dele divulgamos nossas cidades, nossos artesãos, nossos hotéis e restaurantes, nossa culinária, nossas paisagens, nossas indústrias, etc. Mas também cheguei à seguinte conclusão: a maioria de nossos Prefeitos ainda não acordou para esta realidade, para a importância do Turismo como fator desenvolvimentista , e o que é pior, muitas vezes, uma pessoa, o Prefeito, com sua centralidade administrativa e escolha pessoal, coloca os anseios e projetos de vida de centenas de pessoas, de vários segmentos do comércio e a cidade como um todo à margem de um processo que poderia lhes trazer inúmeros benefícios. Muitas vezes somente em prol de suas estratégias e artimanhas políticas. Quando me envolvi na criação do ICMS Turístico visávamos exatamente gerar uma independência financeira do Poder Público Municipal nas decisões em prol do Turismo. Hoje, com essa lei já aprovada, todos os municípios de Minas podem se beneficiar desta verba, basta pertencer a um circuito “certificado” e se adequar as normas da SETUR (Secretaria de Estado de Turismo), e quem deve decidir sobre a aplicação das verbas é o COMTUR (Conselho Municipal de Turismo), o qual deve ser formado, em sua maioria, por cidadãos comuns, de preferência com algum envolvimento em atividades correlacionadas com o Turismo.
Portanto, quando vejo veículos da mídia e pessoas batalhando pelo engrandecimento do Turismo em uma determinada cidade ou região, sei que ali há vida inteligente, ali se pensa no coletivo, ali se pensa no desenvolvimento, ali se pensa grande.