De repente, não mais que de repente, surgiu um tsunami de jovens cantando e falando alto. A princípio não entendi o que estava rolando, fiquei na minha, sabe como é? Mas eis que um jovem roliço me enlaçou na cintura e me carregou para dentro daquela onda gigante. Aí pensei: “Meu Deus, tô ralada”. Eu bem que tentava sair, mas era puxada novamente para dentro da onda jovem e vibrante, onde todos cantavam em uníssono:
“Diga o que é preciso pra eu viajar contigo, então como é que é?
Vem dá um rolé, vem dá um rolé comigo …”
Percebi que era inútil tentar sair à força, então tentei sincronizar meus passos com os passos da galera, ao que fui aplaudida pelo bando alegre:
“Isso mesmo, coroa do bem, vem dançando como ninguém,
Entra na nossa que só vai brilhar, vem, vem dançar …”
E eu, que sempre fui uma “não me reles nem me toques” e que não dançava há séculos, fui até capaz de um relapso remelexo. Relaxei, relevei.
E disse pro rolezeiro do meu lado:
–Olha só cara, tudo bem nessa onda de rolé. Deixo claro que não sou contra, mas cuidado pra não dá bobeira e deixar a vida escorrer pelo ralo, que isso só pode dá rolo, e não fica enrolando, sacou, mano? Fica só na dança e de boa, nada de vandalismo, cuidado que pode dá ruim, fica ligado malandro!
E ele:
–Fica fria, dona, ninguém vai quebrá o barraco, isso aqui não rola, somo de atitude, ninguém é ralé, nem incorporado. E depois tudo é relativo e relevante nesse país tão relativizado. Tamo aqui só de boa e de alegria, já temo nosso rolex comprado com nosso milho, somo tudo style e só queremo dá um rolé com quem quisé. Firmou!