Marco é apaixonado por ela, e ela faz qualquer coisa, literalmente, para se apossar do seu colo.
Mal ele se senta na cadeira de balanço, com o jornal ou um livro nas mãos, e lá está ela, de um pulo só, aboletada no colo dele, olhando prá mim com um olhar que parece dizer: “É meu, nem vem!!!”
No café da manhã eles tomam juntos um potinho de Activia, mas tem que ser o tradicional; eles não gostam das inovações, daqueles com frutas… Dez exatas colheradas prá ele, e as últimas três prá ela. É muito engraçadinha a figurinha dela, em pé nas patinhas traseiras, esperando pela sua porção.
E a recepção para as visitas, então? Ela é remédio eficaz para qualquer um em crise de baixa auto-estima. Pula tanto, abana tanto o rabinho, rodeia os amigos num frenesi, minúscula em volta dos pés da visita, que não há como a pessoa não se sentir a mais amada…
E é ciumenta, a baixinha! Se Marco me abraça ela se mete no meio, imediatamente! Às vezes parece estar fazendo gracinha e se exibindo prá ele, como se competisse comigo pela atenção dele.
Nunca a vi de mau humor.
Já a vi muito tristinha, quando teve a doença do carrapato. Pegou no sítio, com certeza, em alguma falha de imunidade… Foi muito doloroso prá nós, vê-la quieta, com o olhar muito tristonho, sem comer nem beber, deitada na caminha parecendo um trapinho em cima da almofada. Quando a pegávamos no colo, gemia…
Animais de estimação têm um efeito quase milagroso nas pessoas. Algo acontece na relação íntima de um animal com o seu dono, que ultrapassa de longe a simples ligação entre quem cuida e quem é cuidado, não é mesmo?
Em primeiro lugar, vale a pergunta: quem cuida de quem?
O homem alimenta e agasalha o seu animal, leva-o ao veterinário, acompanha as vacinas, corta-lhe o pelo para que não emaranhe, dá-lhe amor e cuidado…
E o animal, a quem não é necessária a voz, tal é a sua capacidade de demonstrar amor com o corpo, com o olhar, com os latidos? O que faz ele pelo seu dono?
Devolve-lhe a esperança, a capacidade de amar e de se dedicar, a emoção de se sentir útil, devolve-lhe muitas vezes a vontade de viver….
As instituições de saúde que incorporaram no seu cotidiano a “pet-therapy”, a terapia com os animais de estimação têm histórias lindas prá contar…
Bem, a nossa Olívia cuida muito bem da nossa alma.