É uma Yorkshire de três anos e poucos meses, elétrica e possessiva, ciumenta como uma filha única…
Hoje em dia ela é o “brinquedinho” da minha neta mais nova, de quem foge como se visse um carrasco (convenhamos, às vezes a Laurinha se parece com um).
Foi a paixão correspondida do Marco; lia o jornal todos os dias depois do almoço com ele na cadeira de balanço e, pacientemente, esperava que o Marco desse sinais de que a leitura estava prestes a acabar. Às vezes, quando estava muito difícil esperar pelo carinho, enfiava a cabecinha por baixo do jornal e soltava um ou outro grunhido baixinho, como dizendo que continuava lá…
Foi ele quem lhe deu o nome: Olívia! Convidou a Larissa, filha de amigos, para ser a madrinha, tirou fotos das duas e pendurou no seu escritório, bem à vista. Um dia quis fazer a festa de batismo, com direito a bolo e salgadinhos, mas desistiu da ideia!
Eles dois tinham uma linguagem que era só deles. Tinham uma ligação muito curiosa, muito íntima e pessoal. Quantas vezes me senti à parte, mas adorava ver a alegria dos dois quando estavam juntos. Marco parecia uma criança quando atirava a bolinha dela pelo apartamento (inda bem que ele é grande) e esperava que ela, rabinho abanando, trouxesse o brinquedo de volta, para recomeçarem o jogo…
Incrível o poder que têm os animais domésticos de levar felicidade aos seus donos, ou a qualquer pessoa que os aceite!
Não é à toa que os hospitais e as casas de idosos vêm estimulando a permanência de animais domésticos junto aos doentes ou aos residentes, na certeza de que a qualidade do cuidado que se presta a eles torna-se superior.
No Brasil projetos como esse ainda engatinham, infelizmente…
Afinal, somos um país adolescente onde a doença e a velhice acontecem apenas com os outros, onde qualidade de vida significa apenas o modelo do carro, o tamanho da casa ou a grife das roupas, onde estar feliz é ser feliz sozinho…
Pobre país, esse que acredita que ficou melhor nos últimos anos…