Ouvi isto em um retiro que participei. Foram feitas reflexões a partir do documento: ‘Maria, rumo ao novo milênio, publicado pela CNBB em 1998. Irei citar os doze ‘sim’ da Santíssima Virgem no final do texto, mas, até chegar nesse parágrafo, transcreverei minhas anotações do retiro.
Sabemos que, embora batizados para uma vida na santidade, quase todos reclinam dessa condição e caem nos piores pecados. Com Maria Santíssima não foi assim. Concebida sem pecado original, se tornou a primeira discípula de Jesus, além de a mais pura alma que passou pela Terra, a mais santa e a escolhida do Pai. Para São Lucas, ela é a perfeita discípula, aquela que respondeu sempre: ‘Eis-me aqui, Senhor’. Por isso, Nossa Senhora ocupa um lugar especial na Igreja e, considerando que nossa consciência afetiva está no coração, nós a veneramos ainda mais a cada dia.
Na minha vida, muita coisa aconteceu e mudou para melhor com ela. Eu me chamaria Maria Auxiliadora se nascesse mulher e, desde pequeno, as comunidades que freqüentei foram todas marianas: Fátima, Medalha Milagrosa, Soledade, Agonia e do Sagrado Coração. Minha conversão maior em 1994 aconteceu quando comecei a rezar o terço e coloquei no peito uma medalha de Nossa Senhora.
Todas as curas e grandes graças que alcançamos em família tiveram a intercessão de Maria. E mesmo sabendo que todo poder vem do Altíssimo, sem a ajuda da querida Mãezinha nossa caminhada teria sido mais difícil. Então, faz muito sentido para mim a frase: ‘Tudo por Jesus, nada sem Maria’. Também a música que cantamos nas missas é sempre oportuna: ‘Oh, vem conosco, vem caminhar, santa Maria vem!’.
Quem não perde a devoção em Nossa Senhora é mais feliz, porque somos seus filhos pelo laço da fé e ela é a imagem daquilo que a Igreja quer. E o que mais me ajuda a viver com ela é a perseverança na fé. Caminho sabendo que nunca estou sozinho e posso receber aquela ajuda que mais preciso. Também acredito piamente nos quatro dogmas de Maria: Mãe de Deus, Virgem Santa, Imaculada Conceição e Assunção ao Céu.
Os doze ‘sim’ que disse a Deus fizeram dela a santa maior da Igreja. Eis um pouco daquilo que aprendi e guardo no coração:
O ‘sim da salvação’ na anunciação do anjo, o ‘sim da caridade’ na visita à prima Isabel, o ‘sim da vida’ no nascimento do Filho, o ‘sim da obediência à tradição’ na apresentação do Menino no Templo, o ‘sim do Plano de Deus’ na fuga para o Egito, o ‘sim à família’ na perda e encontro do Filho, o ‘sim da humildade’ ao saber que Jesus disse “minha mãe e meus irmãos são os que fazem a vontade do meu Pai”, o ‘sim da intercessão’ quando pediu vinho ao Filho nas Bodas de Caná, o ‘sim do silêncio’ quando acompanhou Jesus caminhando para o Monte Calvário, o ‘sim de Mãe da Humanidade’ ao acolher aos pés da cruz a vontade de Deus: “Mulher eis aí teu filho”, o ‘sim da felicidade’ ao saber da ressurreição, e o ‘sim de Mãe da Igreja’ em Pentecostes.
Eu gostaria de explicar um a um, mas prometi que contaria esta história neste artigo:
Construía-se uma grande catedral e muitos operários se ocupavam dos acabamentos. Um pavilhão fora especialmente preparado para outro importante trabalho – era o atelier dos escultores das imagens.
Um dia, um senhor resolveu penetrar na intimidade daquele recinto e, tendo identificado o mestre escultor, aproximou-se e contemplou o que fazia. Era a estátua de uma figura humana, entalhada em fino mármore. Lá pelas tantas, atreveu-se a indagar:
– Esta é a imagem que irá para o altar-mor?
O escultor voltou-se para ele como quem emergisse de profunda concentração e contestou:
– Não, este é um dos doze apóstolos que serão colocados ao longo do alinhamento mais elevado da cobertura.
– Nesse caso, as imagens ficarão a grande altura do solo e os detalhes jamais poderão ser apreciados! Vale a pena dedicar tanto tempo a isso?
A resposta do escultor veio rápida, encerrando o diálogo com sabedoria:
– Ele verá!
Pois é, caro leitor, mesmo que nem todos saibam de nossa paixão pela Mãe do Nosso Senhor, Ele sabe. A partir disso, Jesus fará florir no deserto da nossa vida. Isso aconteceu com o Padre Júlio Chevalier, que pediu para esculpir a imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração, onde o Menino aponta para a Mãe, como se dissesse: ‘Ela soube como chegar ao meu Coração’.