Quando alguém que a gente ama morre, a dor do “nunca mais” é terrível. Mas essa costuma ser uma dor pessoal, às vezes até solitária, como se só a gente amasse tanto assim a pessoa que se foi.
Mas quando morre alguém que muita gente ama e de jeito muito parecido, um ídolo da música, do cinema, dos esportes, qualquer atividade que chame multidões, o meu luto já não é mais tão pessoal. Eu compartilho com todos os fãs daquele ídolo, a tristeza pela morte dele.
Assim está acontecendo com a morte da Marília Mendonça.
Cantora com uma carreira meteórica, jovem, bonita, mãe de um menino com menos de 2 anos, vista por muitos como gentil e generosa num ambiente onde o egocentrismo é a regra, não surpreende a comoção que tomou conta do país.
Um luto comunitário, imenso, coletivo, toma conta do país.
A dor da perda é menor, porque coletiva? Não, certamente não, mas os enlutados têm com quem mais dividir a dor. Nem sempre isso acontece quando as pessoas perdem alguém pouco conhecido.
Maraisa, da dupla Maiara e Maraisa, amiga de longa data de Marília, diz nas suas redes sociais: “Juntando meus cacos, minhas forças, conversando com Deus e pedindo ajuda a Ele, mais do que nunca, porque eu nunca tive que conversar com alguém trancado em uma caixa de madeira.”
Ela expressa a perplexidade que toma conta dos fãs da cantora.
Marilia se despede do filho, do namorado, da família, e promete voltar em três dias dos shows que iria fazer.
O que fazia alguém suspeitar de que ela não voltaria mais?
E Maraisa fala outra vez por todos os fãs: “Eu nunca vou entender! Mas eu sempre vou te amar. E irei honrar seu nome e seus sonhos até o fim da minha vida!”
Eu não era fã, e nem o estilo de música que ela cantava me agrada, mas ela é um ser humano.
E quando morre um ser humano, morre também dentro de mim!