Homenageado na última sexta-feira (26) durante o Colóquio Internacional sobre a Rio+20 e Biodiversidade, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado afirmou que “é muito fácil criticar um país em crise, como o Brasil esteve na década de 1980, para exigir que se preocupe com o meio ambiente”. Ele observou que, agora, “esse discurso se volta contra aqueles que hoje estão em crise e não estão mais preocupados com o meio ambiente, e sim com a geração de empregos e a solução de suas dificuldades econômicas”. Tal mudança, ressaltou, “tornou as negociações da Rio+20 particularmente difíceis”.
– Os problemas que antes batiam na porta dos países em desenvolvimento agora batem na porta dos países desenvolvidos. E as reações são muito curiosas – frisou, reiterando que “os países desenvolvidos não estavam mais interessados em reafirmar na Rio+20 os compromissos firmados na Rio 92”.
O embaixador foi o secretário executivo da Comissão Nacional para a Rio+20. Ao homenageá-lo, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) declarou que Luiz Alberto “é um dos mais destacados diplomatas do Brasil, tendo participado de inúmeras negociações ambientais como representante do país”. Ex-subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Itamaraty, Luiz Alberto passará a trabalhar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que também participou do evento, concordou com o embaixador quanto às dificuldades enfrentadas na Rio+20. Segundo ela, “reafirmar o legado da Rio 92 foi uma das tarefas mais complexas, do ponto de vista da diplomacia, durante os bastidores da conferência realizada no ano passado, e não apenas pela situação dos países em crise, mas também pelo tempo que havia passado”.
– O que existe hoje em vários países desenvolvidos é uma crise que muito possivelmente vai afetar o modo de vida nessas regiões por 20 ou 30 anos. É nesse contexto que vamos discutir temas como clima e o legado da Rio+20 – alertou a ministra.
Outro ponto destacado pelo embaixador Luiz Alberto foi que, já em 1992, “ficou muito claramente estabelecido que não existe sustentabilidade se não houver, ao mesmo tempo, desenvolvimento econômico, inclusão social e proteção ambiental”.
– No longo prazo, não há sustentatilidade ambiental isolada. Não há sustentabilidade econômica isolada. Não há sustentabilidade social isolada – reiterou.
O Colóquio Internacional sobre a Rio+20 e Biodiversidade foi promovido por duas comissões do Senado: a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida por Ricardo Ferraço. Um dos objetivos do encontro foi discutir o documentoO Futuro que Queremos, publicado ao final da Rio+20.
Fonte: Agência Senado