Referiu-se à esperteza do malfeitor que o provocou e explicou, nos mínimos detalhes, todos os passos do cidadão para atingir seu objetivo. Descreveu cenas emocionantes, gesticulando como se estivesse fazendo a reconstituição do crime. Enumerou os materiais que o rapaz usara para desencadear o incêndio etc.
Depois que acabou a refeição, ausentou-se em companhia da esposa para suas atividades costumeiras no templo religioso. E não havia passado uma hora quando foi chamado às pressas para que voltasse ao lar.
Chegando, pôde perceber ao longe que sua casa estava em chamas. As labaredas consumiam a construção que há pouco tempo abrigava uma família tranquila. Imediatamente, ele começou a praguejar contra tudo e todos, tentando achar o responsável pela desgraça. Pensava, consigo mesmo, que isso só poderia ser obra de um louco!
Em poucos minutos, vários pensamentos passaram por sua mente em busca de algo que justificasse aquele ataque misterioso. Não tinha inimigos declarados, não se lembrava de ter dívidas com ninguém, por fim, admitiu que o incêndio só poderia ser fruto de algum acidente.
Preocupado com os filhos, buscou-os em meio à fumaça e os encontrou protegidos em baixo de uma árvore. Notou que o seu garoto de oito anos se escondia por trás dos demais, temendo castigos. Aproximou-se mais e ficou sabendo que fora o próprio filho que pôs fogo na casa, copiando todos os pormenores da descrição do incêndio feita pelo pai.
Agora, leitor, reflita: quantas vezes isso já aconteceu em nossas famílias? Quem alimenta conversação inconveniente, pode estar colaborando com a propagação do mal dentro do próprio lar, concorda? Portanto, quando você quiser que um fato seja esquecido, não o comente mais!
Foi combatendo maciçamente as doutrinas e ideias consideradas maléficas que a humanidade as popularizou e as tornou conhecidas. Então, a melhor maneira de se combater o mal é dar-lhe total esquecimento.
Da mesma forma, se quiser apresentar Jesus Cristo aos seus entes queridos, passe a ter mais momentos de oração e evangelização no lar. Puxe assunto sobre algum texto bíblico na hora do almoço ou procure comentar atos de amor na família. Você verá que o Espírito Santo estará presente para tocar nos corações das pessoas.
Ah, só um detalhe: aquele que não abrir o coração, deixará de acumular graças na vida. Santo Ambrósio, bispo de Milão e doutor da Igreja, dirigiu estas palavras ao povo no século IV:
“Neste mundo, o Senhor só é visto quando quer. Mesmo na ressurreição, só foi dado ver Deus aos que tinham o coração puro. Quantos bem-aventurados não tinha Jesus enumerado já e, contudo, não lhes tinha prometido esta possibilidade de verem Deus. Se, portanto, aqueles que têm o coração puro hão de ver Deus, seguramente que os outros não o verão.
Não são os olhos do corpo que procuram Deus; Ele não é captado pelo olhar, nem tocado pelo tato, nem ouvido numa conversa, nem reconhecido numa atitude. Julgamo-lo ausente e vemo-lo; está presente e não o vemos. Aliás, nem todos os apóstolos viam Cristo; foi por isso que ele lhes disse: ‘Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conheceis?’ (Jo 19,9).”
Concluindo, gostaria de contar a história que ouvi do Pe. Maristelo no retiro espiritual da Comunidade Nossa Senhora do Sagrado Coração do último sábado. Tem tudo a ver com este artigo, porque enfoca mais a quantidade e menos a qualidade na evangelização, o que não nos convém.
Um padre iria rezar uma missa num lugar distante, onde só havia uma Celebração da Eucaristia por ano e o povo tinha o coração fechado para as coisas de Deus. Sabendo que não poderia perder a oportunidade de ‘pegar pesado’ na pregação, preparou com cuidado a homilia, na certeza que diria tudo aquilo que as pessoas incrédulas precisariam ouvir.
Quando o sacerdote chegou na igrejinha do lugar, só tinha um homem aguardando o início da missa. Decepcionado, o padre esperou mais uns minutos e se dirigiu ao senhor que estava no banco:
– Peço-lhe desculpas, mas vou cancelar a celebração por falta de fiéis neste lugar. Tudo bem?
– Olha, seu padre, eu não entendo nada de missa, só entendo de boi; mas quando chamo o gado para alimentar e só vem um, eu não mando ele embora com fome porque os demais não vieram. Dou a ele a ração que veio buscar.
O padre ficou encucado com aquela resposta e resolveu rezar como se ali estivesse uma grande multidão. Falou quase duas horas com tal entusiasmo que até espumava pela boca, condenando todos os pecados e mostrando o sofrimento daqueles que buscam o inferno. Quando terminou, dirigiu-se ao homem que ouviu sua evangelização e perguntou:
– E então, gostou?
– Olha, seu padre, eu não entendo nada de missa, só entendo de boi; mas quando eu chamo o gado para alimentar e só vem um, eu não dou toda a ração pra ele não!