○ Papa Francisco trouxe esperança com suas atitudes e declarações, afirma Pe. Mauro Ricardo

Acontece no próximo dia 15 de agosto a maior festa religiosa do sul de Minas, a Festa de Nossa Senhora da Piedade. A festa acontece há mais de 80 anos e são esperadas entre 10 mil e 15 mil pessoas no pequeno bairro de Itajubá. Serão celebradas missas desde as 7h30 até as 17h30 (oito no total) e a segurança é garantida pela Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e seguranças contratados pela igreja. A novena se inicia em 6 de agosto às 19h, havendo missa todos os dias no mesmo horário.

O reitor do Santuário da Nossa Senhora da Piedade, Padre Mauro Ricardo, também falou da vinda do papa Francisco ao Brasil e da Jornada Mundial da Juventude que reuniu cerca de 3 milhões de pessoas no Rio de Janeiro. O padre explica que Francisco é o primeiro papa latino-americano na história da Igreja Católica.

O papa Francisco nasceu na argentina e entrou para o seminário jesuíta. Isso significa que sua formação foi muito metódica e forte, principalmente no lado intelectual, fazendo do papa um homem muito bem formado e formado por bons formadores que é a Companhia dos Padres Jesuítas, comenta o Padre Mauro Ricardo que frisa “o papa não é franciscano como muitos pensam, ele é jesuíta”. A Congregação Jesuíta foi fundada por Inácio de Loyola que trabalhou muito a questão da dimensão missionária e da simplicidade do anúncio.

Francisco assume de maneira inédita e em meio a várias crises, uma delas responsável pela renúncia de seu antecessor. Não apenas isso, com Francisco a Igreja sai de um tom radicalmente conservador para algo mais humilde e liberal.

Essa mudança proposta pelo novo papa acontece principalmente no nível pessoal e estrutural, explica Mauro Ricardo. “Se a gente comparar as falas, tudo aquilo que o papa Francisco andou falando, agente vê que é uma pauta extremamente evangélica, ou seja, do evangelho”, comenta. Isso também vem da formação latino-americana do papa baseada principalmente na Teologia da Libertação.

Dentre todos os pronunciamentos feitos, os mais importantes e determinantes são aqueles em que Francisco parte do documento Aparecida. Em 2007, quando o papa Bento XVI veio ao Brasil pela última vez, ocorreu uma reunião com todos os bispos da América Latina (entre eles o atual papa) e desta reunião saiu o documento Aparecida que Francisco se esforça para colocar em prática.

O fato de o papa priorizar o documento traz esperança de renovação e diálogo. Francisco inclusive chama atenção dos bispos e cardeais para a distância que a Igreja tomou dos seus filhos. O Padre Mauro Ricardo lembra as palavras do papa, ele disse “o pastor tem que ter cheiro de ovelha” no sentido de que é preciso estar no meio do povo. No seu discurso ele ainda afirma que deseja formar bispos, não com psicologia de príncipe, mas sim com a ideia do serviço.

A Igreja, no entanto, vai encontrar dentro de si mesma dificuldades quanto às mudanças propostas. Quanto a isso Mauro Ricardo diz que aqueles esperançosos por mudanças devem ter paciência. Grande parte das lideranças da Igreja Católica é extremamente conservadora. Essa mudança precisa de tempo, essa reforma acontece num período de anos.

O papa também abriu a possibilidade de diálogo com vários setores, entre eles os homossexuais, com a política do “não julgueis para não serdes julgados” e grande parte da Igreja está com ele. O papa também aposta muito nos jovens, mas adverte, é preciso ter cuidado para que não haja manipulação dessa força.