Duas novas telas chinesas de LCD no imponente Grande Salão do Povo, em Pequim, substituirão aquelas produzidas por um concorrente japonês, como sinal da determinação do país de levar marcas chinesas, e não apenas produtos “made in China”, ao mundo.
As telas foram produzidas pela TCL, uma das gigantes chinesas da eletrônica. Com 110 polegadas, são as maiores telas LCD 3D de alta definição produzidas no mundo, ligeiramente maiores que as telas de 108 polegadas da Panasonic que substituirão.
“Nós conseguimos romper o monopólio do Japão e Coreia do Sul sobre os grandes televisores de telas planas”, disse Li Dongsheng, presidente do conselho da TCL, na cerimônia de apresentação das novas telas, na sexta-feira. Representantes dos ministérios do Comércio, da Ciência e Tecnologia, da Indústria e Informação (MIIT) e do governo de Shenzhen, cidade da TCL, aplaudiram.
O governo está encorajando as empresas chinesas a galgar a cadeia de valor e desenvolver produtos que propiciem margens melhores, em parte por motivos de orgulho nacional, mas também para permitir que a segunda maior economia do mundo supere o estágio de fabricação de produtos simples e de baixa lucratividade.
No entanto, criar marcas reconhecíveis não vem sendo fácil.
Com a possível exceção da fabricante de computadores Lenovo e da Haier, que produz eletrodomésticos, a China conta com poucas marcas que os compradores estrangeiros reconhecem. Mesmo dentro do país, os fabricantes muitas vezes se veem dominados por marcas estrangeiras fortes.
“Esse é um grande obstáculo, especialmente nos automóveis. (As marcas nacionais) quase não existem em cidades grandes como Xangai ou Pequim, porque ninguém quer ser visto dirigindo um carro inferior aos japoneses ou sul-coreanos”, disse James Roy, analista sênior da consultoria China Market Research Group, de Xangai.
Mas Pequim está tentando ajudar. Para isso, este mês o MIIT publicou novas regras que determinam que as autoridades, que em geral preferem marcas de luxo alemãs como a Audi, só comprem carros chineses.
Outros esforços, como o apoio do governo a empresas nacionais que promovam “inovação autônoma”, geraram alegações de que a China está interferindo de forma desleal para beneficiar suas empresas, por meio de normas que garantem compras pelo governo e padrões que favorecem as companhias locais diante de líderes setoriais estrangeiros.
Fonte: Reuters