A pesquisadora Michelle Reboita, do Centro de Ciências Atmosféricas do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), marcou presença em uma conferência internacional no Uzbequistão, onde discutiu os impactos das mudanças climáticas e a necessidade de ações globais para mitigar a crise. Integrante da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do grupo de pesquisa Cordex, que realiza simulações climáticas regionais, Michelle destacou a intensificação dos eventos climáticos extremos e os desafios para o final do século.
Durante os primeiros dias de sua estadia no Uzbequistão, a pesquisadora ministrou um curso de capacitação para estudantes, compartilhando técnicas de análise de projeções climáticas. Nos dias seguintes, participou de uma conferência com pesquisadores de diversos países, como China, Cazaquistão e Tadjiquistão, onde foram apresentados relatórios que reforçam a gravidade das mudanças climáticas. “Os eventos extremos, como as ondas de calor na Europa e temperaturas de até 50 graus em países como a Turquia, estão se tornando mais frequentes e intensos”, alertou Michelle. No Uzbequistão, ela mesma enfrentou temperaturas de 42 a 43 graus em uma região desértica, caracterizada por vegetação rasteira e grandes variações térmicas.
Michelle destacou que o aumento da temperatura global, que já ultrapassa 1,5°C em relação ao período pré-industrial, aproxima o planeta de pontos irreversíveis, como o degelo da Antártica e da Groenlândia, que pode elevar o nível dos mares e inundar regiões costeiras. Esses cenários, segundo ela, afetam diretamente a fauna, flora, agricultura e a saúde humana. “Temperaturas extremas, como 50 graus, podem ser fatais se não houver hidratação adequada”, explicou, comparando o corpo humano a um motor que precisa de água para funcionar.
No Brasil, a pesquisadora observou que eventos extremos, como ondas de calor no Centro-Oeste e Sudeste e inundações no Sul, também são reflexos das mudanças climáticas. “Neste inverno, já tivemos picos de 28 a 29 graus e temperaturas muito baixas, como 4 graus. Esses extremos afetam a agricultura, pois as culturas dependem de condições climáticas estáveis”, afirmou.
Para os moradores do sul de Minas Gerais e do norte de São Paulo, Michelle reforçou a importância de ações individuais para reduzir o impacto ambiental. “Podemos emitir menos CO2 usando menos veículos, evitando queimadas, reduzindo o desperdício de energia e alimentos, e optando por dietas com menos carne vermelha, que contribuem para emissões de metano”, sugeriu. Ela destacou que, embora o Brasil utilize majoritariamente energia hidrelétrica, períodos de seca podem ativar termoelétricas, que emitem mais gases de efeito estufa.
A participação de Michelle no Uzbequistão também reforçou o papel da comunicação científica. “Levar informações sobre mudanças climáticas para a sociedade, como fazemos aqui no Conexão Itajubá, é um diferencial reconhecido internacionalmente”, afirmou. A pesquisadora, que trouxe um chapéu típico uzbeque como presente de uma aluna, enfatizou a necessidade de conscientização para evitar que o planeta alcance um ponto de inflexão irreversível.
Por Redação