Aqui tenho a liberdade de estalar as poças de água, de correr nos campos molhados pela chuva e sentir as gotas chicoteando minhas costas, lavando o meu rosto… Ah, como é belo ver a água da chuva dançar nos céus, convidando o feijão, o milho e as braquiárias a bailarem. Apreciar esse espetáculo debaixo de uma árvore vale mais do que qualquer cena no cinema. Às vezes a chuva cai tão forte que chega a produzir uma fumaça branca que desliza eufórica pelo pasto e pelas plantações. E como é belo sentir o chão saciado. As sementes germinando… As flores se abrindo… Os frutos… Ah, que diversidade de cores e sabores!
E o que eu gosto mais é escorregar no terreiro lamacento e sapatear no barro vermelho que desce empurrado pelas águas. Ah, meu amigo, se você pudesse presenciar a maravilha que é ver as árvores chorarem lágrimas cristalinas, lágrimas não de tristeza, mas de vida!
Mas eu tenho consciência de que toda essa alegria um dia poderá ter fim. Dia a dia noto os rios franzinos… E tantos resíduos em suas costas. Coitados dos agricultores que precisam de água limpa para saciar a sede dos filhos e das lavouras.
Ah, prezado amigo, justamente ela que é nossa amiga incondicional, encontra-se tão desprotegida! Não é que até as nascentes estão se tornando escassas por causa da ganância do homem que desmata desmedidamente!
Não pense que sou um rapaz pessimista. Sou até bastante positivo porque acredito que preservar o nosso maior bem seja tarefa fácil, desde que haja educação e comprometimento dos povos. Basta agir com respeito para com a natureza.
Sabe amigo, sei que minhas simples palavras não vão retirar todo o veneno que jogaram nos rios, mas se elas mudarem alguma coisa dentro de você já valeu a pena te escrever…
Lembre-se que no universo não há diamante mais precioso do que a água. Diamantes não saciam a sede; não refrescam o rosto nos dias quentes; não descem as montanhas cantando; não levam nossos sonhos nem nossas lágrimas. Diamantes não geram vida. Diamantes não acalentam nosso sonho. Diamantes não me fazem falta. Já a água… Ah que preciosidade!
Grande abraço!
Luiz Augusto Fernando Guimarães