Dentro de todo adulto, existe uma criança que nunca desaparece completamente, mas se transforma e se adapta ao longo da vida. Essa criança interior é a parte de nós que conserva a curiosidade, a imaginação e a capacidade de se maravilhar com o mundo ao redor. Quando somos jovens, nossa percepção da vida é moldada por uma pureza de emoções, um desejo de explorar e a capacidade de nos encantar com as pequenas coisas. À medida que envelhecemos, muitas vezes somos forçados a reprimir essas qualidades para lidar com as responsabilidades da vida adulta. No entanto, elas não desaparecem — permanecem latentes, aguardando momentos de pausa, relaxamento ou nostalgia para emergirem novamente.
Manter viva essa criança interior é essencial para o bem-estar emocional. É através dela que encontramos formas de lidar com as pressões cotidianas e relembramos o que significa sentir alegria genuína e sem filtros. A capacidade de rir de si mesmo, de encontrar diversão em atividades simples e de sonhar sem limitações são traços que muitas vezes perdemos com a passagem dos anos, mas que são fundamentais para uma vida equilibrada. De fato, são essas características que nos permitem desenvolver resiliência e criatividade, qualidades essenciais para navegar pelos desafios da vida adulta.
Além disso, a criança que carregamos dentro de nós nos mantém conectados com o passado, lembrando-nos das experiências que nos moldaram. Essas memórias podem nos dar força em momentos difíceis, funcionando como um ponto de referência que nos lembra da nossa essência. A empatia, por exemplo, é um traço que muitas vezes é desenvolvido desde a infância e que carregamos para a vida adulta. Quando nos reconectamos com essa parte de nós, somos capazes de nos ver e ver os outros com mais gentileza e compreensão.
Em suma, o adulto que somos hoje é resultado de uma série de camadas de experiências e responsabilidades acumuladas, mas a criança que fomos nunca desaparece por completo. Ela é uma parte vital de nossa identidade e, quando nos permitimos acessá-la, podemos redescobrir uma perspectiva de vida mais leve e autêntica. Afinal, é a criança dentro de nós que nos lembra da importância de sonhar, brincar e ver o mundo com olhos curiosos e esperançosos.
Por Guilherme Pereira Torres