Mais um item acaba de ser acrescentado à lista de benefícios dos exercícios físicos para o corpo. Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) constatou, em testes com ratos, que a prática regular de atividades físicas ajuda a reduzir o risco de desenvolvimento de inflamações agudas pulmonares.
Segundo um dos coordenadores da pesquisa, o cirurgião Ricardo Kalaf, do Departamento de Cirurgia da Unicamp, trabalhos anteriores já indicavam os efeitos positivos dos exercícios físicos na prevenção ou no retardo do envelhecimento e de doenças crônicas (que se desenvolvem gradativamente, em um espaço de tempo prolongado), como os males de Parkinson e Alzheimer, a hipertensão arterial, o diabetes e neoplasias.
“Nosso objetivo era descobrir se o condicionamento físico atuaria como antiinflamatório natural no caso das inflamações agudas e, especificamente, das que atacam os pulmões, como a pneumonia”, diz Kalaf. Ele explica que as inflamações agudas se manifestam imediatamente quando há agressões de origens diferentes (física, química, alérgica ou microbiana) em um período curto de tempo.
Para avaliar os efeitos da atividade física, os pesquisadores submeteram um grupo de ratos à prática regular de exercícios aeróbicos durante quatro semanas – o que equivaleria a um período de seis meses para os humanos. Após uma interrupção de dois dias nas atividades, a equipe induziu nos animais – bem como em um grupo de ratos que não havia praticado exercícios – um processo inflamatório agudo, caracterizado pela parada e pelo restabelecimento da circulação pulmonar.
Resposta inflamatória modulada
Os testes mostraram que o exercício físico regular modula a resposta inflamatória aguda pulmonar. O desenvolvimento de processo inflamatório no grupo que praticou exercícios foi 30% menor do que no outro grupo. Kalaf explica que a resposta inflamatória a uma agressão é uma manifestação de proteção do organismo. No entanto, quando ela é muito intensa, pode ser mais nociva do que o fator que provocou a inflamação.
“Notamos nos animais que fizeram os exercícios uma redução significativa da presença de interleucinas (substâncias envolvidas na ativação de linfócitos, um tipo de célula do sistema imunológico) e na infiltração de neutrófilos (outro tipo de célula do sistema imunológico) no sangue”, conta Kalaf.
O pesquisador explica que as interleucinas e os neutrófilos são elementos pró-inflamatórios. “Ao serem liberadas na corrente sangüínea, as interleucinas desencadeiam os processos inflamatórios, que podem levar ao aumento excessivo dos neutrófilos, intensificando assim uma inflamação aguda”, esclarece. Embora os neutrófilos sejam células de proteção, que têm, entre outras funções, caráter bactericida, eles podem causar dano celular quando em número excessivo.
Kalaf ressalta que a equipe, composta também por membros do Departamento de Farmacologia da Unicamp e do Departamento de Educação Física da Unesp, ainda desconhece os mecanismos exatos da redução desses elementos no organismo dos animais. “Para esclarecermos essas e outras dúvidas, daremos continuidade em breve a essa linha de pesquisa”, diz.
Fonte: Ciência Hoje