Helsinque – Para os romancistas, o tempo em que costumavam enviar manuscritos a dezenas de editoras e aguardavam ansiosamente por respostas podem em breve se tornar coisa do passado.
Milhares de escritores que utilizam redes online de literatura como a Movella, que atrai grande público adolescente, e a Book Country, da editora Penguin, já vêm recebendo reações instantâneas, e podem alterar textos de imediato e oferecê-los ao público para leitura, não importa o que as editoras possam pensar.
A Internet derrubou os muros de um setor antes fechado, porque agora qualquer pessoa pode publicar textos com apenas alguns cliques -uma mudança que também cria demanda por novos talentos.
“As editoras não querem que aconteça com elas a mesma coisa que aconteceu com a indústria da música”, disse Per Larsen, o presidente-executivo da companhia iniciante dinamarquesa Movellas. “Sabem que o modelo de negócios do mercado editorial foi destruído”.
A indústria de gravação musical passou por numa explosão de pirataria online que tirou montantes enormes de seus bolsos, dado o download ilegal generalizado de canções que antes só estariam disponíveis em CDs, fitas e discos.
Ao mesmo tempo, a indústria musical está vendo bandas que gravam sua própria música e a oferecem diretamente via Internet, contornando a intermediação das grandes gravadoras.
O objetivo do Movellas é se destacar entre os rivais em função de sua abordagem mundial e do foco em adolescentes, que estão ingressando no mundo da escrita criativa por meio de sua rede.
“Queremos ser a comunidade líder mundial na identificação de novos talentos”, disse Larsen.
Já existem dezenas de milhares de texto publicados no site a cada mês, por jovens escritores como a britânica Ebonie Maher, 19, que posta principalmente poemas no Movellas.
“Eu adoraria me tornar escritora”, diz, acrescentando que as críticas construtivas que recebe ajudam em seu desenvolvimento.
A crítica também é parte crucial do Book Country, o serviço online criado pela editora Penguin no ano passado a fim de identificar novos talentos online.
“Isso nos permite lançar a rede de forma mais ampla”, diz Molly Barton, diretora digital mundial da Penguin.
Em janeiro, a Berkley, uma das divisões do grupo Penguin, assinou contrato para dois livros com Kerry Schafer, especialista norte-americana em saúde mental, depois que um editor leu textos dela no site.
Fonte: Reuters