O médico psiquiatra Dr. Amílcar Lemos Neto destaca o impacto da pandemia na saúde mental, com um aumento de 30% a 35% nos casos de depressão e ansiedade no primeiro ano pós-Covid. Ele explica que cerca de 80% dos pacientes que atende enfrentam esses transtornos, agravados pela interrupção de tratamentos durante o isolamento. “Pessoas que já estavam em tratamento pioraram, e novos casos surgiram”, afirma. Segundo o psiquiatra, ansiedade é um sentimento normal, mas torna-se patológica quando gera sofrimento intenso, exigindo intervenção. Já a depressão, distinta da tristeza comum, como no luto, frequentemente aparece associada à ansiedade e deve ser tratada precocemente para evitar complicações, incluindo sintomas psicóticos em casos graves.
Dr. Amílcar enfatiza que problemas de saúde mental não devem ser estigmatizados. “Hoje, ter ansiedade ou depressão é comum, está na média”, diz, destacando que o preconceito, especialmente entre homens, impede a busca por ajuda. A pandemia intensificou o problema, com homens enfrentando frustração por dificuldades econômicas, como a perda de empregos, o que aumentou a procura por atendimento psiquiátrico. “É como pressão alta ou diabetes: se não tratar, pode levar a consequências graves, até infarto por questões emocionais”, alerta.
Outro fenômeno abordado pelo psiquiatra é o uso de bebês reborn, bonecos hiper-realistas que simulam crianças, com batimentos cardíacos e até choro. Embora sejam hobbies antigos, usados inclusive em tratamentos de Alzheimer e demência, o apego excessivo a esses bonecos, intensificado pela visibilidade nas redes sociais pós-pandemia, pode indicar transtornos delirantes. “Quando a pessoa trata o boneco como um bebê real, a ponto de atrapalhar serviços essenciais, como levar ao pronto-socorro, isso é patológico e exige tratamento”, explica. Ele compara o hobby a colecionar figuras de ação, mas alerta que comportamentos como disputar guarda judicial de um reborn ou batizá-lo ultrapassam o limite do saudável.
Dr. Amílcar reforça a importância de tratar a saúde mental com naturalidade e incentiva a busca por ajuda profissional. Ele atende pelo SUS em cidades como Marmelópolis, Brasópolis, Paraisópolis, Piranguçu e Consolação, além de consultas particulares na Santa Casa de Pedralva e na Clínica JP, em Itajubá.