Em um programa que assisti na TV, perguntaram à entrevistada: “Qual o seu maior fracasso?” Ela pensou, pensou, e disse não se lembrar. Acredito que refletiu em fracassos profissionais, já que é uma jornalista de sucesso; mas, e os pecados de cada dia, não são fracassos pessoais?
Nesse sentido, todos nós já fracassamos, e muito! Quem discordar, é porque não se arrepende de ter ofendido a Deus e, nesse caso, ainda não foi perdoado. Mesmo aquele que só cometeu pecadinhos, deve haver algo um pouco mais grave que justifique um tipo de fracasso.
Entendo que contar pecados na TV é muito constrangedor e eu também pensaria bastante antes de abrir o coração em rede nacional; porém, no cursilho, o fazemos com naturalidade. Levados pela emoção e verdade, mostramos o quanto nos afastamos de Deus a cada tropeço na fé. E não há quem discorde: é impossível chegar ao Céu sem praticar os ensinamentos de Cristo.
Tenho um amigo que contesta a vida que levo. Segundo ele, basta rezar um pouco em casa, não prejudicar ninguém e gozar a vida. É claro que cada caso é um caso e a Misericórdia Divina é infinita, mas, considerando tudo quanto recebemos gratuitamente de Deus, concluo que temos muitas obrigações para com Ele – sempre!
Se dependesse de tempo sobrando, eu nem entraria na igreja! Se dependesse de oportunidades para diversões e passeios, eu nem estaria escrevendo este artigo. Se dependesse de períodos de cansaço, não atenderia alguns chamados do Pai. Portanto, ou é prioridade cumprir a nossa missão de cristão, ou corremos um sério risco de um grande fracasso após a morte!
Todos ouviram que Deus nos ajuda e nos perdoa enquanto vivos, e nos julga quando morremos. Quem tem fé e não duvida disso, com racionalidade cumpre os Mandamentos entregues a Moisés; porém, como cada um se salva por opção própria, precisamos rezar por aqueles que condenam a alma, mal usufruindo a liberdade que têm. Se priorizarmos levar Jesus no coração, tempo para as obras do Reino não faltará e nenhum outro grande fracasso virá!
Mas, e se um sonho de ‘ser rei’ fracassou, por onde recomeçar? Reflita nestes ensinamentos:
Certo homem, após uma longa e exaustiva caminhada, parou para descansar. Ao se deitar, fechou os olhos e num instante dormiu. Enquanto dormia um sono profundo, teve a oportunidade de fazer a retrospectiva do momento da sua concepção até os dias atuais. Em seu sonho, pôs a pensar cada etapa e instante vivido de maneira muito clara. Tudo lhe vinha à mente como num filme da melhor qualidade. Foi então que começou a perguntar sobre o seu desejo de ser rei: ‘O que foi que fiz até hoje? Quais foram minhas realizações? Onde foi que errei?’
Após estes questionamentos, as respostas começaram a surgir naturalmente:
Você fez muitas coisas, mas não as fez uma de cada vez, quis fazer tudo ao mesmo tempo como se cada coisa não precisasse tempo e exclusividade. Suas ações têm méritos e não podem ser descartadas. Apesar das atribulações, você não foi de todo um instrumento sem valor. Mas, com tudo isso, acabou perdendo o seu desejo e o sonho de ser rei, porque, para ser rei, algumas coisas são imprescindíveis.
Em primeiro lugar, é preciso saber escutar os outros e você não tinha tempo. Lembra quando aquele amigo que você dizia gostar tanto o procurou para desabafar a vida e você disse que precisava terminar uma tarefa e depois o procuraria? Isto não aconteceu! Vou lhe dar mais um exemplo para ver que o seu tempo era escasso:
Certa vez, seu filho pequeno perguntou:
– Papai, quanto é que o senhor ganha na empresa onde trabalha?
E você meio que apressado respondeu. Passados dez dias, seu filho falou:
– Papai, hoje o senhor pode sair uma hora mais cedo do trabalho! Eu juntei os jornais, ferro velho, garrafas de plástico que estavam lá na garagem, consegui vender e arrumei R$ 28,50, o preço de uma hora extra do seu trabalho. Este é o tempo que preciso para poder dizer que cresci. Eu lhe amo muito e quero lhe dar um abraço porque não consigo lembrar quando foi a última vez que nos abraçamos, e eu sinto tanta falta disso!
E o homem refletiu: ‘Mas, onde foi que errei?’
Às vezes, queremos ganhar o mundo e perdemos a vida. Talvez não tenha observado à sua volta. À nossa volta, existem pessoas que precisam de nós e que não podem esperar. Ser rei é ir além, é sair de si, é morrer para si mesmo, é viver para o outro. Pode parecer estranho tudo isso, mas têm coisas que só vivendo é que se pode entender.
Erramos quando acreditamos somente em nossa força, não damos ouvido aos outros, não perdoamos, não amamos e não nos amamos! Erramos mais ainda quando não acreditamos que, para ser rei de verdade, os palácios são dispensados, basta ter um grande coração e ser sonhador.
E o tempo? O tempo se encarrega de arrumar tempo quando for necessário ter tempo. Para ser rei não é preciso ter tempo, basta ‘ser’ somente. Como dizia Santa Terezinha do Menino Jesus: Tudo é Graça!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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