Itajubá enfrenta um período crítico de queimadas e seca, com impactos diretos na saúde da população, na natureza e na economia local. A situação, agravada pela baixa umidade do ar e pela ausência de chuvas, foi discutida por especialistas que chamam a atenção para a necessidade de ações urgentes e conscientização coletiva.
A Professora Michelle Reboita, pesquisadora do Centro de Ciências Atmosféricas da Unifei, destacou a gravidade das condições climáticas atuais. Na última semana, a umidade relativa do ar atingiu níveis alarmantes, com registros de 13% na quarta-feira, 18% na quinta e 15% na sexta. “Esses índices são insustentáveis para a saúde. Nossas vias respiratórias ficam mais secas, propensas a agentes patogênicos e particulados que causam inflamações e outras doenças”, alertou. Ela explicou que o inverno deste ano foi excepcionalmente seco, com apenas 27 milímetros de chuva entre junho e agosto, contra os 90 milímetros esperados. A ausência de precipitação em setembro e a previsão de um mês mais seco do que o normal agravam o cenário, que se estende por todo o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
O Tenente Marco Antônio de Oliveira Neto, comandante do 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros Militar de Itajubá, relatou o aumento de incêndios florestais na região. Somente entre sexta-feira e segunda-feira, foram registrados nove focos de incêndio em vegetação, muitos próximos a áreas urbanas, como o bairro Varginha e a região da Unifei. “Estamos em um período crítico, com alta incidência de queimadas. Precisamos da atenção total da população para superar essa crise”, afirmou. Ele destacou que os incêndios intensificam a evaporação da água no solo, prejudicam nascentes e causam danos irreparáveis à fauna e flora, com recuperação que pode levar anos.
Os impactos das queimadas e da seca vão além do meio ambiente. A Professora Michelle apontou que a crise afeta diretamente a agricultura, reduzindo a oferta de produtos e elevando preços em feiras e supermercados. Além disso, a falta de chuvas compromete os reservatórios, forçando o uso de termelétricas, que encarecem a conta de energia. “Estamos na bandeira vermelha nível 2, o que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kW consumidos”, explicou. As termelétricas, movidas a carvão e óleo, também agravam o aquecimento global, piorando a qualidade do ar.
O Tenente Marco Antônio reforçou a importância da denúncia contra incendiários, que têm sido identificados e responsabilizados, como no caso do incêndio no bairro Anhumas. Ele sugeriu medidas preventivas, como manter lotes e propriedades rurais limpos e com vegetação baixa, além de denunciar qualquer tentativa de queimada pelo número 193. “Quando alguém visualiza um incendiário, denunciar é um ato de proteção à saúde, ao bolso e à natureza”, enfatizou.
Michelle também alertou para a falta de uma “chave liga-desliga” no controle do fogo, que pode rapidamente se alastrar e ameaçar residências. Ela defendeu a educação ambiental desde o ensino fundamental para criar uma cultura de prevenção. Apesar de uma possível chuva leve prevista para amanhã, o volume não será suficiente para reverter o quadro de seca. “É essencial economizar água e energia, além de proteger as propriedades contra incêndios”, recomendou.
A crise climática em Itajubá exige ações contínuas, não apenas em momentos de emergência. Especialistas e autoridades pedem que a população se mobilize, denuncie queimadas e adote práticas sustentáveis para mitigar os danos e proteger a região.
Por Redação, com informações de Michelle Reboita e Marco Antônio de Oliveira Neto