Um anjo do Céu resolveu fixar sua morada na Terra e desceu numa planície, por onde passava um lenhador puxando o seu burro pelo cabresto. Querendo obter informações sobre o mundo em que viviam, foi logo perguntando: ‘Por favor, neste planeta, quem de vocês inventou a guerra?’ Respondeu-lhe o burro: ‘Foi ele.’ – levantando a pata em direção ao homem.
‘E qual de vocês ajuda o outro?’ – perguntou o anjo. ‘Ele.’ – afirmou o homem, muito sem jeito. ‘Qual é o que, ao lombo, conduz os peregrinos cansados?’ – quis saber o anjo. ‘Sou eu, senhor.’ – falou o burro, todo envaidecido. ‘Mas, quem de vocês mata os outros animais para lhes comer a carne? – indagou o anjo. ‘Sou eu, sim senhor.’ – afirmou o homem, muito cheio de si.
‘Quem conduziu Jesus ao Egito, vencendo léguas pelo deserto?’ – perguntou o anjo. ‘Foi ele aqui.’ – disse o homem, olhando para o burro. ‘Qual foi o que perseguiu o Menino Jesus e o quis degolar? – quis saber o anjo. ‘Foi ele, senhor.’ – disse o burro, de olho no homem. ‘E quem levou Jesus a Jerusalém para pregar a Boa Nova?’ – interrogou o anjo. ‘Ele.’ – confirmou o homem.
‘Quem fez a barbaridade de injuriar e crucificar Jesus?’ – indagou o anjo. ‘Ah, isso quem fez foi ele!’- retrucou o burro, levantando as orelhas e se afastando do dono. ‘Mas, quem entre vocês, por ter vida honrada e pura, é o rei da criação e se considera a imagem de Deus? Só pode ser você, não é burro?’ – quis concluir o anjo. ‘Não, senhor, sempre foi ele.’ – afirmou o burro, desapontado e com os olhos cheios de lágrimas.
Ao ouvir esta última resposta, o anjo levantou voo e, voltando ao Paraíso, passou a dizer aos outros arcanjos: ‘Não queiram viver na injustiça dos homens!’
Pensando bem, não é à toa que muitos humanos são chamados de burros, não é mesmo? E mesmo assim, a ofensa ainda poderia ser considerada um grande elogio, se pensássemos na utilidade desse animal irracional tão sofrido! Mas, analisando pelo lado da espiritualidade, você concorda que ‘burro’ mesmo é aquele que não aceita seguir Jesus Cristo? Sem querer ofender ninguém, reflita comigo se dá para entender um ser humano que, mesmo sabendo que está caminhando para o inferno, continua na vida de pecados! Não é burrice?
Eis outra história que poderá mudar o destino de muita gente inteligente:
Uma filha se queixou ao pai sobre sua vida e como as coisas estavam difíceis para ela. Já não sabia mais o que fazer e queria desistir de enfrentar os problemas. O pai, levou-a até a cozinha, encheu três panelas com água e as colocou em fogo alto. Numa, ele pôs cenouras, noutra, colocou ovos e, na última, pó de café. Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra.
Minutos depois, ele pescou as cenouras e as deixou numa tigela. Retirou os ovos e os depositou na mesa. Por último, pegou o caldo de café com uma concha e o colocou para coar. Virando-se para a filha, perguntou: ‘Querida, o que você está vendo?’ Ela respondeu: ‘Cenouras, ovos e café!’
Ele, então, pediu-lhe para experimentar as cenouras. Ela obedeceu e notou que estavam macias. Ele também pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse. Depois de retirar a casca, ela verificou que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente, o pai pediu à filha que adoçasse e tomasse um gole do café. Ela sorriu ao provar o seu aroma delicioso.
Depois disso tudo, a jovem perguntou humildemente: ‘O que significa isso, pai?’ E ele explicou que cada ingrediente havia enfrentado a mesma adversidade: água fervendo; mas que cada um reagiu à sua maneira. A cenoura entrou forte, firme e inflexível, mas, depois de ter sido submetida à fervura, amoleceu e se tornou frágil. Os ovos eram frágeis e, depois, se tornaram muito mais rijos.
O pó de café, contudo, era incomparável. Depois que foi colocado na água quente, ele transformou a água! E o pai perguntou à filha: ‘Qual deles é você? Quando a tristeza bate à sua porta, como você responde? Você é do tipo cenoura, ovo ou pó de café?’
E continuou falando: ‘Você é como a cenoura que parece forte, mas, com a adversidade, murcha, se torna frágil e perde a força? Ou será que você é como o ovo que parece maleável e, depois de alguma provação, se torna duro por dentro? Ou será ainda que você é como o pó de café que mudou a água? Lembre-se que quanto mais quente estiver a água, mais gostoso se torna o café.’
Assim concluiu o pai: ‘Filha, seja como o pó de café: quando tudo ferver à sua volta, é hora de se tornar melhor e fazer com que todos reconheçam o seu valor.’
Só faltou ao pai dizer que tudo é muito mais difícil quando não se tem fé. Confiando em Deus, é possível superar todos os problemas nas Suas promessas: “… o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará.” (Jo 16-23); “O que é impossível aos homens, é possível a Deus.” (Lc 18-27); Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. (II Cor 12-9); “Não te deixarei, nem desampararei.” (Heb 13-5).
É claro que um burro não entenderia isso!
Paulo R. Labegalini
Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG)