“Não é necessário fazer promessas, pois Deus sabe do que precisamos. Quem, porém, quiser fazê-las, prometa a Deus uma vida de santidade, marcada pelo amor a Ele e ao próximo. E saiba agradecer os sinais de bondade que o Criador vai fazendo você experimentar ao longo da vida. Se o amor de Deus por nós é tão grande, você acha que Ele iria, logo depois de uma bênção maravilhosa, nos dar um castigo só porque não cumprimos o que prometemos? Até porque se Deus nos fez experimentar o seu amor, Ele o fez gratuitamente e não pelo que lhe prometemos.”
Correto! Eu também penso assim. A Paternidade Divina não se vinga dos filhos ingratos dessa forma, mas continua lhes dando oportunidades para a conversão. E se a conversão for definitiva na vida de um cristão, agradará muito mais ao Pai do que o cumprimento de promessas.
Isso não significa dizer que ninguém deva pagar suas promessas, muito pelo contrário. Todos nós temos o dever de agradecer e louvar a Deus pelas graças recebidas, porém, algumas pessoas, em momentos de desespero, fazem promessas quase impossíveis de serem cumpridas. E daí, o que fazer depois?
Volto, em parte, à explicação do Pe. Cido; acredito que Deus concordaria que substituíssem as promessas difíceis por uma vida melhor, marcada pelo amor sincero. Assim, não precisariam mais se preocupar com novas promessas.
E como é bom ter certeza que a Misericórdia Divina é infinita! Imagine se Deus agisse como nós, por exemplo:
Um cidadão promete ao amigo ser avalista na compra de um imóvel muito cobiçado, mas na hora de fechar o negócio, o tal avalista não comparece no cartório e o seu ‘amigo’ perde a grande oportunidade financeira da vida. Considerando que não houve motivo de força maior para a ausência do avalista no horário combinado, como seria o relacionamento entre ambos a partir dali?
Pois bem, com Deus, sempre que ‘furamos’ os compromissos, somos perdoados e ganhamos novas oportunidades para nos reconciliarmos com Ele no seu amor. Isso só não dura para sempre, porque o nosso tempo neste mundo é limitado. Se Ele cumpre tudo o que nos promete e nunca lhe mostramos gratidão, o nosso tempo vai se esgotando e o dia do juízo final chegará.
Quando Jesus curou dez leprosos e só um voltou para agradecer (Lc 17, 11-19), Ele indagou: “Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?”. Isso mostra que o Senhor fica feliz com cada coração agradecido, embora não exija sacrifícios de ninguém.
É bom lembrarmos que alguns fatos da vida não nos trazem sofrimentos à toa, se soubermos colher os frutos da Bíblia, que diz:
“Irmãos, vós ainda não resistis até o sangue na vossa luta contra o pecado, e já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como filhos: ‘Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho’. É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? No momento mesmo, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados. Portanto, ‘firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; acertai os passos dos vossos pés’, para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado. Procurai a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; cuidai para que ninguém abandone a graça de Deus. Que nenhuma raiz venenosa cresça no meio de vós, tumultuando e contaminando a comunidade.” (Hebreus 12, 4-7; 11-15)
Portanto, vemos que Deus nos pede para não desanimarmos, pede para acertarmos os passos para a santificação – não sozinhos, mas junto com os irmãos necessitados – e pede ainda para não abandonarmos a Sua graça.
Se desprezarmos esses ensinamentos, nem sequer poderemos considerar que Deus está nos educando nos sofrimentos que passamos, pois viramos as costas a Ele mesmo antes da dor. Mas como o Pai sempre nos aceita de volta se quisermos viver a Sua Palavra, é tempo de deixarmos o pecado pra trás.
Atenção: ‘Jesus pode já estar voltando!’. Eu creio nisso e, por amor a Deus e aos irmãos, peço a Nossa Senhora que nos ajude para que nenhuma raiz venenosa cresça no meio de nós, tumultuando e contaminando nossas famílias.
Concluindo, recitar e colocar em prática o salmo 39 pode perfeitamente substituir muitas promessas meio inconsequentes: “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor”. Dá para prometer e cumprir isto?