As linhas gerais da proposta da reforma administrativa, que tem como objetivo reduzir gastos com o serviço público, já começaram a ser apresentadas pelo governo federal. As regras da medida afetam os futuros servidores da União, estados e municípios, mas não deve trazer economia aos cofres do governo no curto prazo, pelo fato de possuir efeito nulo sobre os atuais servidores públicos, além de preservar categorias como juízes, procuradores, promotores, deputados e senadores.
Especialista em Direito Tributário, o advogado e professor do Mackenzie, André Félix Ricotta, acredita que essa reforma não será capaz de solucionar as atuais distorções nos gastos com os servidores. “Os problemas atuais ela não vai resolver, pois será aplicada apenas para os novos servidores, para quem ingressar no serviço público após a aprovação da reforma administrativa. E ainda não vai atingir todos os cargos. É uma reforma que irá produzir efeitos apenas em um futuro distante”.
Em sua opinião, a Reforma Administrativa é mais importante do que a Tributária, e deve vir antes. “Acredito que no início do ano que vem ela possa ser aprovada. É uma necessidade do país e um interesse do governo também”, aponta Félix.
Entre os pontos mais importantes que estão previstos na medida, o professor destaca o fim da promoção por tempo de serviço e o fato de não ser mais necessário aguardar o trânsito em julgado, em sentença judicial, para o desligamento do servidor. No caso de insuficiência de desempenho do servidor, o projeto prevê ainda que o afastamento seja regulamentado por lei ordinária.
André Felix acredita que, para a reforma ser mais efetiva, ela deveria atingir os cargos e serviços públicos em todas as esferas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas admite que isso atrasaria a votação. “O fato de os outros servidores não entrarem na reforma é uma alternativa para diminuir a discussão e para a o projeto passar de forma mais fácil. Se entrarem todos os servidores públicos, inclusive os atuais, teremos muita discussão e judicialização e a reforma pode não passar, encontrando muitas barreiras”, explica.