Juliana Campos/Sebrae Minas
Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, conhecida nacionalmente como Vale da Eletrônica, está em busca de uma segunda vocação; agora, o município também quer ser reconhecido como “Cidade Criativa”. Por isso, além dos famosos eventos de eletrônica que atraem estudantes e profissionais em busca de novidades de tecnologia e inovação, o calendário municipal passa a contar também com a 1ª Feira de Economia Criativa de Santa Rita do Sapucaí – Vale Criativo – que será realizado no dia 19 de outubro, a partir das 9h, na praça central de Santa Rita do Sapucaí, com apoio do Sebrae Minas.
“Estamos no século da criatividade, portanto, o movimento de transformação criativa dos municípios é necessário para o desenvolvimento das novas economias. Atenta a isso, Santa Rita do Sapucaí está fortalecendo a economia criativa do município”, afirma o prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Wander Wilson Chaves.
No local, será montada uma grande tenda para exposição das empresas que participaram do Projeto de Economia Criativa, e seus produtos e serviços relacionados a gastronomia, música, artesanato, eventos, cafés, educação, teatro, cerveja artesanal e comunicação. “A Feira é uma excelente oportunidade para divulgarmos o trabalho que foi feito ao longo do ano e fecharmos com ‘chave de ouro’. O nosso intuito foi o de profissionalizar os negócios, para que se tornassem mais robustos e desenvolvidos e, por consequência, gerar mais renda”, explica o analista do Sebrae Minas Luiz Carlos Caldeira Junior.
A ideia surgiu da Prefeitura Municipal, que percebeu a presença de um número expressivo de profissionais do setor criativo, até então pouco explorado no município que, historicamente sempre direcionou todos os olhares para a tecnologia, numa tradição centenária, mas que ao longo dos anos se estruturou e se tornou autossuficiente. “Foi aí que decidimos dividir a nossa atenção com esse outro setor da nossa economia e criamos o Núcleo de Empresas de Economia Criativa, um espaço dentro da Incubadora Municipal de Empresas, voltado apenas para esses profissionais”, explica a secretária Municipal de Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Dani Lúcia Xavier.
O Núcleo oferece estrutura com sala de reuniões e treinamentos, acesso à internet e a mentorias oferecidas também para startups incubadas. “Hoje, o espaço abriga quatro negócios, mas tem capacidade para receber outros seis. Além disso, estamos aguardando um recurso de R$ 100 mil do Ministério da Ciência e Tecnologia, para expandir os investimentos na orientação dessas empresas incubadas”, explica a secretária.
A cervejaria artesanal “Pós-Doc” é uma das empresas incubadas no Núcleo Criativo. Com fabricação de cerca de mil litros de cerveja por mês, em um espaço de 38 metros quadrados, é chamada pelos seus donos de “nano-cervejaria”, por causa da pequena capacidade de produção. “Somos a primeira cervejaria do Brasil com fabricação dentro de uma incubadora”, conta Luciana Guimarães, que é proprietária junto com o marido Francisco Eduardo de Carvalho Costa. A criatividade é norteadora para o desenvolvimento da empresa, inclusive na escolha do nome. “Foi durante o pós-doutorado do Francisco, que estudou a produção de etanol, que decidimos fabricar cervejas. Por isso, o nome “Pós-Doc”, conta Luciana.
O projeto
Muito além de acompanhar o crescimento de empresas, era preciso investir no amadurecimento delas, pensando a longo prazo. Assim, o Sebrae Minas foi convidado a desenvolver o Projeto de Economia Criativa, com foco na evolução desses profissionais. No início de 2019, 22 empresas participaram de um edital e foram selecionadas para a iniciativa, que apresentou algumas metas para serem cumpridas, como o aumento em 10% na carteira de clientes e crescimento em 10% da representatividade dos lucros de cada negócio participante. “Para isso, eles receberam capacitações e treinamentos do Sebrae e foram conhecer outras cidades, referência no tema. Dessa forma, estão se abrindo para novas possibilidades, com comportamentos gerenciais e de liderança, atingindo o nosso objetivo”, comenta Luiz Carlos.
Foi o que aconteceu com as “Arteiras do Vale”, grupo de sete artesãos que acaba de se mudar para uma loja colaborativa, onde fazem arte com bordado (em ponto cruz, mão livre), crochê (com fabricação de sacolinhas e bonecas), palha de milho (bonecas e presépios), feltro, pinturas em tecido e MDF, bijuterias e costura criativa (sacolas e chapéus). “Antes, a gente ocupava uma casa fechada, onde nosso trabalho dificilmente era visto. Com o projeto, nós mudamos para uma loja mais aberta, na qual dividimos as despesas e também as visitas. Entendemos que dava pra aproveitar melhor o espaço e, atualmente, oferecemos palestras e cursos. A exposição dos produtos melhorou e o nosso movimento dobrou”, relata a artesã Simone Ribeiro de Melo Yaby.
Economia criativa
O conceito de economia criativa foi definido pelo professor inglês John Howkins, no livro Creative Economy. Para ele, a economia criativa contempla atividades nas quais os indivíduos exercitam sua imaginação e exploram seu valor econômico. A economia criativa pode ser definida como processo de produção, criação e distribuição de elementos, e tem como matéria prima conhecimento, criatividade e capital intelectual.
O assunto tem sido tão discutido que a Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco) criou em 2004 uma Rede de Cidades Criativas, para promover a cooperação entre os municípios que identificam a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento sustentável. Atualmente, são 180 cidades de 72 países. As cidades brasileiras que compõem a Rede Cidades Criativas da Unesco são: Belém (PA), Florianópolis (SC) e Paraty (RJ), no campo da gastronomia; Brasília (DF) e Curitiba (PR), no do design; João Pessoa (PB), em artesanato e artes folclóricas; Salvador (BA), na música; e Santos (SP), no cinema.
Programação – Espaço Aprendizagem Criativa
Local: Praça Central
9h – O Futuro do Trabalho
9h – Inovação & Meio Ambiente
10h30 – Liderança na Economia Criativa
11h15 – Artesanato no Vale: Colaboração e Desafios de ser Artesã(o)
12h – Desafios da Comunicação
12h45 – Novas Economias
13h30 – Cerveja e Economia Criativa
14h15 – Café & Esporte
15h00 – A história de Santa Rita do Sapucaí
16h – Oficinas Sabores do Vale / Gastronomia Criativa Univás