Se Ele exigisse que nos colocássemos a Seu serviço somente através de duras penitências ou através de total desprezo a tudo de bom que o mundo nos oferece, teríamos muitos argumentos para tentar explicar-Lhe a nossa omissão; mas, sabemos, é muito mais coerente a um cristão sempre agradar a Deus, porque qualquer um pode ser feliz – e como! – sem se envolver com os pecados mortais.
São Vicente de Paulo alcançou a santidade e a felicidade eterna porque atendeu a orientação de São Paulo aos Coríntios: (I Cor 13)
“Aspirai aos dons superiores. E agora, ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. Por ora, subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.”
Que lição maravilhosa para conduzir os nossos trabalhos vicentinos! Se sempre levássemos com firmeza esta Palavra de Salvação aos quatro cantos da terra, a caridade praticada pela Sociedade São Vicente de Paulo seria ainda maior – e precisa ser muito maior! É por isso que acredito que, ao enviar as Relíquias do nosso Patrono ao Brasil, Nosso Senhor Jesus Cristo nos chamou definitivamente à real responsabilidade da caridade. Precisamos despertar o nosso ardor missionário e mostrar ao mundo que somos instrumentos da vontade de Deus em socorro dos pobres!
As riquezas, porém, não são um mal em si, mas possuem o perigo de prender os corações dos ricos demasiadamente a elas. Quando isso ocorre – e, infelizmente, normalmente ocorre! – os afortunados deixam de salvar as próprias almas porque se fazem de surdos ao serem chamados para a construção do Reino de Deus. Portanto, todo aquele que não se despoja das afeições desregradas neste mundo e não busca um espírito de pobreza – o desapego de bens materiais -, dificilmente ganhará o céu. E todos os ricos precisam saber disso.
O trabalho vicentino não pode parar! Uns, Deus chama à pregação; outros, à conversão; os vicentinos, chama à visita ao pobre em seu domicílio para, em nome da Igreja, realizar esse trabalho maravilhoso de caridade, de doação pessoal e de amor – usando os dons que Ele próprio nos deu. Altruísmo ou filantropia não é o ideal vicentino. A Sociedade São Vicente de Paulo é uma escola de vivência humana em ajudar o outro. É uma escola de santidade e nos coloca mais próximos do céu.
Na graça de Deus, contando com o amor de Maria e a proteção de São Vicente, vamos contribuir para que as nossas conferências sejam ainda mais dinâmicas e os pobres muito mais felizes. Coragem! Vale a pena.