M.C. Escher
Como eu dizia na primeira parte desta reflexão, abaixo segue a releitura escolhida, pelos participantes do encontro, como a melhor adaptação, à qual chamamos:“a arte da saúde”. Note a equivalência das frases em ambos os textos e atenção para que os mesmos não sejam lidos em termos de melhor ou pior, apenas diferentes. Observe como se sente ao final de cada texto… Nesse sentir está um pouco de você e dos pressupostos sobre os quais seus valores estão estabelecidos.
A ARTE DA SAÚDE
Se quiser saúde – “Fale de seus sentimentos”.
Emoções e sentimentos escondidos, reprimidos são convites à reflexão de que algo novo deve ser trazido à vida. O estômago recebe o alimento e a coluna ergue o homem em direção ao céu.
Com o tempo a compreensão dos sentimentos aumenta a tolerância para com o outro, assim como a qualidade do sono. Então vamos compartilhar o que somos de melhor até agora e nos perdoar naquilo que fomos de pior.
O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia; falar é mostrar o que se leva no coração.
Se quiser saúde – “Tome decisão”.
A pessoa decidida aprende sobre o poder que reside no acreditar, na paz e na leveza. Decidir liberta e diminui preocupações e ansiedades. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, ceder vantagem e valores, e eventualmente ganhar outros.
As pessoas decididas são mais saudáveis dos nervos, estômago e pele.
Se quiser saúde – “Busque soluções”.
Pessoas positivas enxergam soluções e diminuem os problemas. Preferem a alegria, lugares calmos e o otimismo. Melhor acender um fósforo a lamentar a escuridão, onde também há beleza em seu tempo.
Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe.
Se quiser saúde – “Cultive a essência mais que as aparências”.
Se abrir à realidade sem fingimento ou pose, sem vergonha das limitações pessoais faz ficar mais leve. É como falar de saúde ou doença, parecidos, mas opostos.
Nada melhor para a saúde que viver sem fingimentos e valorizando a essência sobre a aparência. Pessoas com muito verniz geralmente tem pouca raiz. A Farmácia, o hospital e a dor são oportunidades extremas para os que se distraíram e não leram as placas no caminho.
Se quiser saúde – “Aceite-se”.
A auto-estima é vitamina ou vita anima (vida para a alma), faz com que sejamos plenos. O núcleo da vida saudável é a auto-estima, que vitamina, diferente do orgulho, que contamina. Aceitar-se torna a pessoa gentil, cordial, cooperativa, criativa e construtiva.
Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.
Se quiser saúde – “Confie”.
Quem confia, se comunica, se abre, se relaciona, cria liames profundos, sabe fazer amizades verdadeiras.
O relacionamento acontece na confiança. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus. Desconfiar é não ter fé (descon – fidere – fides – fé).
Se quiser saúde – “Viva sempre alegre”.
O bom humor, a risada, o lazer e a alegria acompanham a saúde e a vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.
“O bom humor nos salva das mãos do doutor”. Alegria é saúde e terapia.
Nas palavras sábias do filósofo brasileiro Huberto Rohden, em seu livro “Profanos e Iniciados”, uma lembrança: “Castigare(castigar) vem de duas palavras latinas,castum(casto, puro) eagere(fazer, agir), de maneira quecastigare(castum agere) quer dizer purificar, e a palavra castigar só deveria ser usada neste sentido disciplinar, o que, infelizmente, nem sempre acontece. Toda e qualquer punição que não tenha este caráter de verdadeira castigação ou purificação é imoral e incompatível com a ordem cósmica.
O relacionamento saudável se baseia na confiança, que trata de abertura e entrega. Sua vida se baseia em confiança e no não saber ou na segurança do conhecido?
A dúvida é privilégio do sábio, a certeza a marca dos ignorantes.
Experimente você também, proponha aos seus familiares e veja que curioso o resultado após cada um ter transmutado o texto. Esta prática, chamada prática de saúde, ainda pouco divulgada em nosso meio, pode ser benéfica aos seus adeptos.
Falta amor… A medicina técnica da doença está ambiciosa, enquanto a medicina da saúde busca uma forma amorosa de balancear a ambição. A educação que informa (prepara para o vestibular – horizontal) está doente e a educação da formação (que prepara para a vida plena – vertical) é forma amorosa de harmonizar o ser. Que o amor possa cada vez mais permear as práticas profissionais antes que se exacerbe o já conhecido “canibalismo” humano, baseado no medo, que caracteriza alguns regimes, economias e pensares…
Enquanto pensarmos a saúde apenas enfocando a doença (cura e prevenção), negligenciando a preservação e a promoção, palavras mais condizentes com a saúde, seremos reféns do medo e tomaremos decisões baseadas no medo. Decidir com base no medo é quase o mesmo que ser coagido, ser passivo, ser paciente, enfim ser doente!
Conforme Heinz Buddemeier convida em seu livro: “Mídia e Violência.”, lancemos um olhar sobre o aspecto do efeito da violência cênica e da falsa impressão criada de que nada daquilo nos diz respeito. Assistir cenas violentas gera aumento do medo ao final da exibição; estando provado que telespectadores assíduos tendem a estender os parâmetros do mundo midiático à sua realidade cotidiana, consequentemente sentindo-se mais ameaçados do que os outros. Isso aumenta a necessidade de proteção e segurança, além de aumentar a prontidão para agir violentamente e a pensar que as outras pessoas vão agir com mais violência do que em verdade ocorre.
Prestemos um pouco mais de atenção ao que fazemos com nosso tempo e também um pouco mais de atenção a como usamos nossas palavras.
A sua vida é um exemplo de como se faz ou como não se deve fazer?