Deste modo, hoje conseguimos conhecer muito sobre as doenças, apesar do processo pelo qual as pessoas adoecem permaneça desconhecido em grande parte dos casos. O cientista pesquisador lida mais com dúvidas do que certezas. Vivemos imersos em um mundo envolto pelo desconhecido e pelo misterioso e hoje se sabe muito sobre pouco e pouco sobre o todo que nos circunda, apesar do desenvolvimento constante de novas tecnologias. A rigor, a atitude de certeza é anticientífica na medida em que prende o pesquisador a um modo de explicar a realidade pré-estabelecido, podendo ser um fator restritivo ao encontro de novos modelos de pensá-la. Daí surge a necessidade da fé como fator diferencial na formação do cientista. A fé de que possa haver explicações alternativas aos modelos vigentes é o motor do pesquisador para direções ainda pouco exploradas.
Por outro lado o cientista que trabalha sobre concepções secularizadas e cristalizadas caminha também, porém numa direção de repetir modelos e fortalecer formas de pensamento que a priori assumem como absolutas ou imutáveis. Um olhar atento mostra que a dúvida é como uma gestante que antes de dar à luz porta todas as possibilidades, enquanto a certeza é como o nascimento do ser que se é maravilha por um lado, por outro representa a morte de todas as outras possibilidades que existiam durante a gestação.
Os vícios comportamentais do cotidiano das pessoas ficam muito evidentes quando se vê a medicina sob as perspectivas da saúde e da doença. Atualmente a formação médica ocidental favorece o aprender a tratar doenças sendo menos cuidada a questão do preservar e cultivar a saúde. A principal estratégia de promoção de saúde guarda relação íntima com o quanto cada pessoa conhece de si mesma e de quanto o sistema social funciona como promotor deste processo. Basta observar sociedades de países mais desenvolvidos e suas políticas de educação para entender um pouco melhor a relação entre educação e saúde.
Conhecer a si mesmo é de fundamental importância para as pessoas que buscam o significado e uma vida saudável e plena na presente existência. O processo de se conhecer é simples, no entanto parte da humanidade atual se afastou ou deixou de dar a importância que ele merece há algum tempo. A conseqüência desta negligência gera uma dificuldade no fluxo natural da vida que se assemelha à do ex-atleta que ao querer voltar a treinar para uma maratona, percebe que seus músculos se atrofiaram em decorrência da falta de um treinamento constante.
Hoje se sabe que o próprio cérebro humano pode ser exercitado e capacitado para uma vida mais plena. Os estudos sobre a neuroplasticidade demonstram claramente como os hábitos de nosso dia a dia influenciam o cérebro, tornando-o mais apto a enfrentar os desafios do cotidiano. Imaginem que uma pessoa vá a uma academia para fortalecer seu corpo, mas por preguiça pede a um amigo que faça os exercícios por ela. Parece óbvio que quem vai ficar mais forte é o amigo e não a pessoa, pois para os benefícios da atividade física surtirem efeitos cada pessoa deve participar da mesma. Ninguém pode se exercitar por nós. Algo semelhante ocorre nos campos emocional e mental. Não existe ainda uma forma de desenvolver habilidades mentais sem que para isto se desenvolva hábitos como o da leitura. Ainda não se sabe também sobre como desenvolver habilidades emocionais senão a partir de relacionamentos, exercício do perdão e no aprender a diferença sutil que existe entre a vontade e o desejo.
E para você amigo desconhecido, desejo e vontade é tudo a mesma coisa?