Celebrou-se no dia 31 de maio o Dia Mundial Sem Tabaco. O hábito de fumar é considerada a principal causa de morte evitável em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que um terço da população mundial adulta, ou 1,2 bilhão de pessoas sejam fumantes e morrem por ano 4,9 milhões de pessoas, o que corresponde a uma média de 10 mil mortes, por dia, devido ao tabaco. No Brasil, estima-se que ocorram 200 mil mortes por ano pelo mesmo motivo.
Segundo dados do Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer e Seus Fatores de Risco de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), a mortalidade para os cânceres de boca, esôfago e pulmão em Minas Gerais, que estão relacionados com o uso do tabaco, aumentou entre os anos de 1980 a 2010. Os valores iniciais das taxas de mortalidade do câncer de boca, por exemplo, cresceram de 1, 17 (óbito por 100 mil pessoas) para 1.38 nesse período, de esôfago passaram de 2.99 (óbitos por 100 mil) para 3.36 e de pulmão de 3.88 ( óbitos por 100 mil) para 9.83.
Tendo em vista a importância do assunto no âmbito da saúde pública, o Programa Estadual de Controle do Tabagismo, coordenado pela SES, em parceria com o Ministério da Saúde e municípios mineiros oferece acompanhamento, monitoramento e capacitação para profissionais da saúde através da SES, medicamentos e material didático para os grupos de tabagismo oferecidos pelo Ministério da Saúde e atendimento médico e psicológico, que são ofertados pelo município.
Segundo a referência técnica de tabagismo da Coordenação Estadual de Pneumologia Sanitária da SES/MG, Estela de Cássia Pereira, profissionais de centros de saúde são orientados pela secretaria a perguntar aos usuários, durante o atendimento, se são fumantes, ex-fumantes ou não fumantes. A partir de então, o profissional incentiva os pacientes fumantes a pararem por meio de abordagens breves. “Estas são intervenções que duram de 3 a 10 minutos, demandam uma capacitação mínima dos profissionais, têm baixo custo e são muito abrangentes”, afirma Estela De Cássia Pereira.
Para aqueles fumantes que não conseguem parar somente com o trabalho de abordagem breve, é indicada a Terapia Cognitivo-Comportamental em grupo. Os grupos de Terapia Cognitivo-Comportamental são coordenados por dois profissionais de nível superior. “Os profissionais são capacitados na metodologia proposta pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Ministério da Saúde (MS). O acompanhamento dura no mínimo seis meses e cada centro de saúde atende aos fumantes da sua área de abrangência”, afirma.
Além do atendimento ofertado aos fumantes, o programa investe em campanhas educativas para sensibilizar a comunidade, contando com uma parceria de rede multidisciplinar de profissionais de saúde. São realizados diversos eventos educativos de acordo com a realidade local, sendo esses resultantes de estratégias que visam o enfretamento do uso do tabaco, objetivando assim a prevenção e promoção da saúde. “É de grande importância o desenvolvimento de estratégias e ações educativas continuadas, visando a incorporação de modos de vida saudáveis, com a adoção de comportamentos que reduzam, ao máximo, a exposição ao tabaco”, diz Estela de Cássia Pereira.
O programa aborda várias estratégias simultâneas, considerando além da realização de campanhas educativas, a implementação de leis para proteger os não fumantes da exposição passiva, o aumento dos preços do cigarro, restrição à publicidade do tabaco, proibição de venda a menores e desenvolvimento de programas educativos em escolas, ambientes de trabalho e unidades de saúde. “Essas estratégias envolvem não só esforços de profissionais de saúde, mas também de diversos outros grupos sociais”, afirma Estela de Cássia Pereira.
O tabagismo é conhecido como uma doença epidêmica advinda da dependência química de nicotina e classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no grupo dos transtornos mentais e de comportamento advindos da utilização de substâncias psicoativas. Essa dependência leva o fumante a se expor continuamente a mais de 4.700 substâncias tóxicas que causam cerca de 50 doenças diferentes. De acordo com Edílson Corrêa de Moura, Coordenador Estadual de Pneumologia Sanitária, estão entre as doenças causadas pelo tabagismo às relacionadas ao coração, as respiratórias obstrutivas crônicas, e o câncer. “A instalação dessas doenças ocorre de forma lenta e gradual, demorando anos para que os danos causados à saúde do indivíduo se estabeleçam”, afirma.
O tabagismo não está relacionado apenas às doenças crônicas não transmissíveis. “Ele é um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças, como a hipertensão arterial, tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual em homens, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, e catarata”, afirma Edilson Corrêa de Moura.
Fonte: Agência Minas