A notícia que agitou o cenário econômico-financeiro essa semana foi o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BACEN), reduzindo a taxa SELIC de 7% para 6,75% ao ano. Mas o que é a Taxa SELIC e como ela afeta a nossa vida?
A taxa Selic é a média de juros que o governo brasileiro paga por empréstimos tomados dos bancos. Assim, quando o Copom aumenta a taxa Selic, os bancos preferem emprestar ao governo, porque a remuneração é maior face ao risco de inadimplência ou não recebimento. Já quando o Copom diminui a taxa, os bancos, teoricamente, eles “deveriam” emprestar mais dinheiro aos consumidores.
Como pode-se perceber, a taxa Selic acaba sendo usada como referência para outras taxas de juros usadas no Brasil, ou seja, é a partir da taxa Selic que os bancos calculam quanto cobrarão de juros para conceder um empréstimo ou mesmo o cheque especial, o cartão de crédito, o consignado etc. Entretanto, essa relação é indireta, pois quando o Copom reduz a taxa Selic, essa queda demora a chegar aos consumidores. Isso acontece porque os bancos também cobram, em forma de juros, impostos (IOF), o risco de inadimplência, seus custos operacionais e também o lucro. Esses itens, chamados comumente de “spread bancário”, representa a diferença entre o que o banco paga ao tomar um empréstimo e o que ele cobra ao conceder um empréstimo.
Minutos após a decisão do Copom, os principais bancos do país anunciaram redução das taxas de juros cobradas no crédito para pessoas físicas e para as empresas que, apesar da queda contínua da taxa, os bancos continuam a cobrar juros muito elevados dos clientes. Em 2017 por exemplo, a taxa média de todas as operações (com recursos livres, isto é, sem destinação obrigatória determinada por lei) somou taxa de 40,3% ao ano. O cheque especial fechou o ano passado com juros de 323% ao ano.
A taxa Selic afeta as nossas vidas de forma indireta. O governo geralmente usa a taxa como instrumento para controlar a inflação. Se a Selic é alta, há menos dinheiro circulando e menos procura por produtos e serviços à venda. Se a demanda é menor, os preços caem (o que tende a reduzir a inflação). Sendo que o inverso também pode ser verdadeiro.
Para quem tem dinheiro em Cadernetas de Poupança, alterações na taxa Selic também podem influenciar rendimento. Com esse último corte, os ganhos das cadernetas também cairão porque a regra atual, em vigor desde maio de 2012, prevê corte nos rendimentos da poupança sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano. Nessa situação, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial (TR), fixada pelo BC.
Com a taxa em 6,75%, a correção anual da poupança será de 4,725% ao ano, mais TR. Desde setembro de 2017 a TR vem apresentando valor igual a 0,00%. Dessa forma, o rendimento nominal anual da poupança é de apenas 4,725%. Considerando que a projeção da inflação para 2018 é de 3,95%, o rendimento real projetado da poupança será de apenas 0,75% a.a., o que equivale a uma remuneração mensal de apenas 0,062% a.m., ou seja, se você deixar R$ 100,00 aplicado na poupança por um mês, você terá um rendimento nominal de R$ 0,39, que equivalerá a um rendimento real de apenas R$ 0,06.
Aí você se pergunta: como faço para não ficar refém dos juros exorbitantes praticados no Brasil? Mais uma vez a resposta para essa pergunta é direta: PLANEJAMENTO. É necessário planejar o seu orçamento mensal e anual para evitar gastos desnecessários, favorecendo a realização de poupança. Quanto você tem uma reserva, você deixa de usar o dinheiro dos bancos e das financeiras para se autofinanciar a um custo muito menor. Essa é a melhor saída.
Bem, esse painel de Educação Financeira termina por aqui. Mas no nosso próximo painel vamos retornar com o assunto Orçamento Doméstico, tratando especificamente das contas Alimentação e Saúde.
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM