Desde 2017, quando iniciamos o painel de Educação Financeira no Conexão Itajubá, temos comentado sobre a realidade financeira da nossa população. O que não é novidade para a maioria dos brasileiros mas, infelizmente, esses dados não eram devidamente apresentados por órgãos oficiais.
Na última quinta-feira, dia 19/08/2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou, oficialmente a realidade que os brasileiros estavam vivendo em 2017 e 2018. Esse período tem que ficar bem claro aos nossos leitores. Os dados apresentados pelo IBGE são relativos ao período de 2017 e 2018. Anos em que a nossa economia esboçava tímidas melhorias em relação a crise que estávamos passando. Esse período deve ficar bem evidente, porque alguns veículos da imprensa estão apresentando os dados sem chamar a devida atenção a isso. O que pode nos levar a tirar algumas conclusões equivocadas pois, em muitos casos, a situação das famílias brasileiras piorou em relação ao apresentado.
De acordo com os dados apresentados pelo IBGE, em relação à dificuldade de pagar as contas mensais, naquele período, 14,1% das famílias tinham muita dificuldade, 58,3% enfrentavam dificuldade, enquanto 26,5% tinham facilidade e apenas 1,1% tinham muita facilidade. Isso em 2017 e 2018, já imaginou a situação agora, em que muitas famílias perderam parte significativa da renda em função da Pandemia?
A dificuldade em pagar as contas, logicamente, levava as pessoas à inadimplência. De acordo com o IBGE, naquele período, 46,2% da população (ou seja, 95,6 milhões de pessoas) pertenciam a famílias que atrasaram, ao menos, uma conta mensal fixa por dificuldades financeiras. Dentre estas, 37,5% tinham atrasos nas contas de água, eletricidade ou gás, 26,6% no pagamento da prestação de bens e serviços e 7,8% no pagamento de aluguel ou prestação do imóvel.
Ainda naquele período (2017/2018), a taxa média de desemprego da população brasileira era da ordem de 12%. E, naquela conjuntura, 41% dos brasileiros apresentava dificuldade financeira para se alimentar adequadamente, abrindo mão de nutrientes básicos, levando para casa comida em quantidade e qualidade insuficiente. Fazendo um paralelo, o IBGE reconhece que hoje a realidade das famílias brasileiras pode ser bem mais preocupante. Desde então, o problema se agravou e atingiu um número bem maior de brasileiros. O desemprego médio por exemplo, está na casa dos 14,5%. O trabalho informar que, em geral, amortecia o impacto das crises, foi fortemente impactado nesse período de pandemia.
Esses dados só evidenciam o que vemos no dia a dia das nossas cidades. Mais e mais pessoas batem às portas pedindo ajuda para manter os mínimos sociais considerados indispensáveis como: alimentação, moradia, higiene, educação e saúde.
Essa dura realidade deve nos levar a uma séria reflexão sobre as nossas atitudes financeiras. Não devemos nos deixar levar pelos períodos de bonança. Infelizmente, a vida no Brasil é rodeada por tantas incertezas que é imprescindível que cada brasileiro adote um planejamento financeiro mínimo, de médio e longo prazo. Nesse planejamento, deve-se ficar evidente a necessidade de manutenção dos mínimos sociais indispensáveis que já foram mencionados: alimentação, moradia, higiene, educação e saúde. Caso contrário, daqui a pouco tempo, estaremos, novamente, noticiando dados como estes que acabamos de apresentar.
Fiquem com saúde!
Autores:
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Prof. Dr. Victor Eduardo de Mello Valerio
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
O painel de educação financeira é uma parceria do programa Conexão Itajubá com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira (DENARIUS UNIFEI).
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