Nestes últimos meses a comunidade itajubense viveu e continua vivendo uma importante agenda, eu diria, de reflexões sobre as perspectiva de desenvolvimento a médio e curto prazo para nossa cidade e região. Na verdade trata-se primeiro de um projeto genuinamente publico, um outro projeto, fruto de uma parceria publico privada e um promissor projeto privado.
O primeiro e importante projeto é o crescimento da Universidade Federal de Itajubá. Parece-me que a UNIFEI é uma das menores Universidades publicas, se não for a menor, em termos de estrutura e alunos. A promessa é chegar, em alguns anos, a dobrar o número de alunos aumentando sua estrutura e orçamento, se transformando também, considerando somente o fato de estar crescendo, numa fonte geradora de empregos diretos e indiretos, tanto de mão de obra qualificada como de empregos de menor complexidade. Claro que pode não chegar a um numero expressivo de postos de trabalho, mas tem certo impacto na economia regional, assim como o aumento no orçamento da Universidade, alimentando a renda e a economia local. Podemos ir além, a realidade esta mostrando que um importante gargalo do crescimento sustentado e vigoroso é a falta de mão de obra qualificada, e mais, a falta de mais investimentos em pesquisas produzindo tecnologia e inovação. Portanto, considero este crescimento da UNIFEI como estratégico e pertinente para o momento que nosso país esta passando.
O segundo projeto é fruto direto do contrato assinado pelo Governo Federal e a Eurocopter para o fornecimento de 50 helicópteros EC725 ás Forças Armadas brasileira. Somente esta encomenda justifica a construção de uma nova linha de montagem, o que já esta acontecendo. Claro que além da produção destes helicópteros contratados, deve estabelecer na empresa, uma estrutura de manutenção e acompanhamento pós-venda a altura do projeto. Existe ainda uma história que esta por ser esclarecida, o contrato prevê a absorção de tecnologia de produção destas aero naves, proporcionando, no futuro, ao Brasil se tornar também exportador dos referidos helicópteros. Vamos aos números, com este projeto a Helibras dobra sua capacidade instalada, fala-se em cerca de 400 empregos diretos e 3 mil indiretos, portanto um significativo impacto na economia regional.
O terceiro projeto que esta na pauta do dia é a vinda da Siemens para nossa cidade. É um projeto estritamente privado que, ao que parece, conta com pequena participação do poder publico local e que vem com forte expectativa da região. Pelo que pude perceber até agora é que a Siemens esta definitivamente decidida pela montagem de uma unidade em Itajubá, mas não está claro o que vai ser produzido, quando vem e qual será o tamanho desta unidade. De qualquer forma vai abrir mais postos de trabalho e incrementar a economia local e regional.
O que temos pra refletir agora e nos próximos anos é em que medida estes projetos mudam a vida de nossa cidade e região. Temos pouca informação, por exemplo, do perfil dos trabalhadores da região, como anda a escolaridade destes trabalhadores, que tipo de profissionais temos na região. Qual nossa capacidade de formação, qualificação e treinamento de nossos jovens dentro deste cenário de crescimento. O quanto realmente vai impactar no mercado imobiliário, e as áreas de saúde e educação prestadas pela Prefeitura e Estado, porque num processo concentrado de crescimento acelera a demanda por estes serviços. Sem falar no saneamento básico, novas demandas por moradia, além do déficit crônico de moradia em nosso país, segurança e outras tantas questões decorrentes do crescimento.
Por um outro lado o crescimento trás novas perspectivas para a cidade e região, aumento da renda, aumento da oferta de emprego, um forte incremento na qualificação de nossa juventude e por ai vai.
Minha principal reflexão hoje é o momento econômico em contraposição ao momento político da cidade. Os vereadores tiveram como principal “discussão política” o aumento do numero de vereadores. Alguns amigos apresentaram uma conta muito simples e reveladora, cada vereador custa cerca de 20 mil para a cidade, entre salário, assessoria e gasto em geral, portanto, uma despesa anual que pode alcança a casa de 1,2 milhões para o aumento das cinco cadeiras na câmara.
Penso que com uma fração deste valor a câmara poderia dar uma contribuição histórica e muito útil para a cidade neste momento de crescimento e no logo prazo. Poderia, ela, a câmara de vereadores, instituir uma comissão de estudo técnico contratando inúmeros profissionais para fazer um diagnóstico de impacto e uma pesquisa para conhecermos nossa real infra-estrutura. Uma comissão com a participação das nossas Faculdades e Universidade, contratando economistas, engenheiros, assistentes sociais, médicos e mais outros profissionais que forem necessários para produzir informações, propor saídas, produzir propostas de políticas publicas que viriam a mitigar problemas do crescimento e estimular um crescimento sustentável e por muitos anos. Que tal a proposta?