
Antes do Rafa nascer, eu nunca tinha ouvido falar em ser “pai atípico”. Naquela época, jamais imaginei que teria algum contato direto com a “tal da inclusão”, muito menos que teria um filho com a T21 (Síndrome de Down).
Hoje, depois de 13 anos, sigo aprendendo a ser um “pai atípico” diante de diferentes desafios — e até de situações que, talvez, não seriam vistas como “anormais” se fossem vividas com a Fabiana, minha filha mais velha, que é uma pessoa típica.
Mas, se olharmos com atenção para o termo “pai atípico”, perceberemos que ele pode ter um significado mais amplo. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, em 2023, mostrou que o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas, ou seja, sem o pai. No caso de crianças com T21, um levantamento do Instituto Mano Down revelou que mais de 70% dos pais abandonam os filhos com deficiência intelectual antes que a criança complete cinco anos.
Diante desses números, cabe a pergunta: será que ser “pai atípico” é exclusivamente ter um filho com T21? Ou será que, no Brasil, ser “pai atípico” significa simplesmente ser um “pai presente”, um “pai família”?
Talvez atipicidade também seja não abandonar, não terceirizar o afeto, não deixar para depois. Seja amar incondicionalmente, mesmo quando o mundo insiste em colocar rótulos, limites e barreiras.
Ser pai do Rafa e da Fabi me mostrou que a verdadeira atipicidade não está apenas na diferença do filho, mas na diferença que o pai decide fazer na vida dele. E, se for assim, que sejamos todos atípicos — pais que amam, que se fazem presentes, que acreditam nos filhos e que caminham com eles todos os dias.
Porque ser pai é muito mais do que um título no registro de nascimento. É uma escolha diária.
Feliz Dia dos Pais!
Por Eduardo Hideo Sato – Pai da Fabiana de 17 anos e do Rafael de 13 anos que tem a T21, idealizador e coordenador da 1ª equipe de Futsal Down do Sul de Minas, o @t21arenapark.