– Nossa! Você agora está rica hein!
Fiquei pensando no efeito dessas palavras sobre a criança, ao mesmo tempo sob o estímulo da recompensa financeira e do olhar do outro, que a reconhecia pelo que acabava de ganhar. Pequenas coisas que passam despercebidas, mas que agem sobre o tecido de formação humana. Talvez possamos olhar com um pouco mais de atenção, em nosso interior, o significado de ser rico…
Quando eu pergunto a você, amigo (a) desconhecido (a): o que é ser rico? O que lhe vem à mente?
Aproveite para se conhecer um pouco melhor, pois este pensamento ajuda você a tomar consciência de seus valores. Ao pensador mediano, ou que está na média, geralmente ocorrem idéias relativas ao dinheiro ou algum tipo de posse material. Realmente, podem-se possuir estas riquezas. Entretanto, caso sua primeira idéia de riqueza se manifeste nesta direção, sugiro uma pequena pausa e uma breve observação sobre como vai sua vida…
Observe especialmente suas relações próximas familiares, a seguir como é seu ambiente de trabalho, depois qual o tipo de desafios que a vida tem lhe apresentado ultimamente, depois ainda pense quanto tempo gostaria de viver e finalmente reflita sobre os valores que você deixaria para o planeta caso este fosse seu último dia de vida.
Pronto?
É comum que surja algo novo quando repensamos idéias. As idéias geralmente se estabelecem dentro de um sistema de valores. Assim, riqueza e valores andam juntos, de mãos dadas. Mêncio, discípulo de Confúcio atribuía as seguintes palavras a seu mestre: “Pratique a nobreza divina e a nobreza humana naturalmente o acompanhará”; Jesus dizia assim: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo mais vos será dado por acréscimo”; Einstein dizia assim: “Procure ser um homem de valor em vez de ser um homem de sucesso”. Pensares que nos ajudam a repensar nosso próprio pensar. Possibilidades que podem libertar da necessidade do ter e impulsionar na direção do SER que somos.
Tolstói, homem verdadeiramente rico, explica isso com excelência em seu livro: “Onde existe amor, Deus ai está” na história “De quanta terra precisa o homem”.
Pessoalmente, penso hoje que a riqueza é um estado fluídico de troca e passagem, plena em cada segundo, como a própria vida (nascer, viver, morrer). A riqueza parada é como o peso carregado por um daqueles jumentinhos. Tudo o que pegamos ou possuímos, de certa forma também nos pega e possui. Conforme o grande filósofo brasileiro, contemporâneo e colega de classe de Einstein, Huberto Rohden sentenciou em sua obra “De alma para alma” no capítulo “Teo-tropismo”:
“Pode o homem ser escravo daquilo que não possui – e pode ser livre daquilo que possui. Não há mal em possuir – todo o mal está em ser possuído”.
E você amigo leitor:
Suas riquezas estão paradas ou em movimento?
Você hoje se reconhece como um SER humano ou como um TER humano?
“Nunca te permitas ser menos do que és” (Saramago).
Oportunamente quem sabe haja tempo para refletirmos sobre ser pobre…